Mesmo com fibra ótica, porque a nossa internet ainda não presta?

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O Brasil é o 4ª país do mundo em número de usuários de internet. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Amapá possui mais de 100 mil usuários de internet móvel e fixa. Desse total, 5 mil consumidores trabalham nas autarquias do Estado. Desde março do ano passado, o Amapá passou a contar com o serviço de banda larga via fibra ótica pela Guiana Francesa, e ainda no segundo semestre com a fibra trazida pelo Linhão de Tucuruí. Era o fim da lentidão? Incrivelmente, não! Pelo contrário, às vezes parece que ficou pior.

A conexão por fibra óptica da OI possui uma rede de 420 quilômetros de extensão que interliga o Amapá à Guiana Francesa. A princípio, sete municípios teriam acesso ao serviço, mas hoje só Macapá é beneficiada com a banda larga e ainda de péssima qualidade.

Já a fibra que vem de Tucuruí é administrada pela TIM e utilizada por todos os provedores do Estado, mas ainda de forma ineficiente.

Lutiano, presidente do Prodap: nota 6 para a internet do Amapá

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Para entender melhor esse problema complexo, a repórter Cássia Lima conversou o novo presidente do Prodap, Lutiano Silva.

Lutiano, que faz doutorado em tecnologia da Inteligência e Design Digital pela PUC de São Paulo e é mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Recife, fala em congestionamento e na necessidade de duplicação da fibra ótica que vem de Tucuruí.

 SelesNafes.Com: Nós temos mesmo o banda larga?

Lutiano Silva: Bom, se formos analisar pela questão conceitual, sim. A banda larga já existia no Amapá por meio de provedores, mas era muito caro e instável. O que se efetivou ano passado foi à interligação com o Linhão do Tucuruí, garantindo uma velocidade de internet relativa a 128 kbps, coisa que não existia antes.

 SN: Além dessa velocidade maior, o que de fato melhora com a fibra óptica?

LS: O fluxo de informações. Os cabos de fibra óptica estão substituindo fios de cobre para aumentar a velocidade de transmissão de informação digital. Estes cabos são feixes de “fios de vidro” extremamente puros que foram revestidos em duas camadas de plástico reflexivo. Uma fonte de luz é ligada e desligada rapidamente a uma extremidade do cabo de transmissão de dados digitais. Na prática é a energia viajando com informações.

 SN: Toda vez que chove ou quando o tempo está nublado a internet fica mais lenta. Porque isso ocorre?

LS: O linhão tem uma estrutura que perpassa por três estados: Amapá, Pará e Amazonas. Às vezes pode ser problema técnico na rede. Cabos arrebentados ou pequenas oscilações, por exemplo. Porém, na maioria das vezes é o congestionamento de usuários. Isso é ocasionado porque todos os provedores do estado são conectados em uma única rede: o linhão.

 SN: Entre a internet via rádio e fibra óptica qual é a menos problemática?

LS: A fibra óptica. Quando chove, as partículas da chuva são absorvidas pelas ondas de rádio. Então a chuva influência de forma negativa. Nesse sentido, o clima beneficia a fibra óptica.

Festa política marcou a conexão da fibra trazida da Guiana

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SN: Fala-se que a nossa posição geográfica dificulta nossa internet. Isso é verdade?

LS: Sim, pelo fato de sermos uma ilha. Nosso único acesso ao estado é fluvial ou aéreo. Isso dificultou o término do linhão. Os custos dessa rede são muito caros. Apesar de termos fiscalização na rede quando há um rompimento, ainda se demora em achar o diagnóstico preciso por causa dessa enorme extensão da rede que passa desde estradas até por cima de igarapés.

SN: A atual equipe de manutenção dá conta dessa demanda?

LS: Olha, quem toma conta disso é a Tim. E a empresa que deve responder a isso. A relação da banda larga com o governo é mínima. Apenas contratual.

SN: Se compararmos com outros estados da região norte nossa internet fica em que posição?

LS: Temos uma internet relativamente boa, mas se fossemos colocar em uma escala de 1 a 10 eu daria 6. Estamos no caminho de melhoria.

Uma das torres do linhão: só a duplicação da fibra pode dar jeito

Uma das torres do linhão: só a duplicação da fibra pode dar jeito

SN: Há previsão de a internet ficar mais barata?

LS: Na verdade, a internet não ficou mais barata é sim mais veloz. Teve sim uma pequena diminuição, mas não muito grande. Há dois anos eu pagava R$ 160 por dois megas, hoje esse valor cobre 10 megas. Então já houve melhora, mas isso é gradual.

SN: Qual a alternativa para a internet do Amapá melhorar?

LS: Com certeza, a instalação de outro cabo de fibra óptica. Temos uma informação que o linhão pode ser duplicado para melhoria da qualidade do serviço. Mas ainda não há previsão de quando isso ocorreria.

Seles Nafes
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