Parentes do estudante Cristian Borges, de 22 anos, assassinado com um tiro na boca durante uma confusão em frente a uma igreja evangélica na madrugada deste sábado, 2, em Macapá, acusam o agente penitenciário Alessandro Lamarão da Silva de atirar para matar. Ele não teria agido em legítima defesa, como afirma a família do agente.
O assassinato ocorreu por volta da 00h50min, na Rua Claudomiro de Moraes, no Bairro do Buritizal. O agente decidiu fotografar um grupo de amigos que ouvia música alta e bebia na calçada do templo frequentado por ele e a família.
A esposa de Alessandro, que está preso no Ciosp do Pacoval, disse que no momento da confusão o carro da família, que tinha 3 crianças dentro, foi cercado por um grupo de pelo menos 20 rapazes. Um deles teria desferido um soco no rosto de Alessandro. “Os outros vieram para cima, e ele para se defender atirou para assustar”, garantiu a esposa no Ciosp.
Ela disse ainda que a foto iria reforçar um pedido de rescisão contratual com o proprietário do prédio onde a igreja funciona.
A família do estudante tem outra versão para o que aconteceu. Segundo parentes, o bate-boca teria começado entre um primo de Cristian e o agente penitenciário. “Em nenhum momento houve ataque de grupo, até porque o som estava alto e ninguém prestou atenção (na discussão)”, diz o primo que pediu para não ser identificado.
O primo garante ainda que foi agredido ao perguntar para o agente porque ele estava fotografando o grupo. “Aí ele estava super alterado, fora de si. Me xingando, dizendo que era o dono do ponto, mentindo porque os donos do lugar somos nós. Ele me deu um tapa no peito. Quando meu primo viu que ele ia atirar me puxou, e foi atingido”, relatou. Abaixo ouça a entrevista do primo
Disparo para o alto
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Amapá, Jailson Massa, conversou com o agente depois da prisão já no Ciosp. “Ele tinha ido deixar um parente, e quando retornava viu o grupo bebendo na calçada da igreja. Então decidiu bater uma foto para mostrar ao proprietário, quando um dos rapazes foi lá e lhe deu um soco. Logo depois vieram outros. Como eles estavam bebidos, o Alessandro ficou com medo de que lhe tirassem a arma e disparou para o alto”, comentou Massa.
Mas se a intenção do agente era atirar para o alto, o presidente da entidade não soube explicar ao certo porque a bala acertou Cristian Borges. “No meio da confusão é complicado. A intenção dele era cessar a agressão”, disse.
Massa defende o uso de armas por agentes penitenciários fora do expediente. Todos possuem porte de arma. “Nossa profissão é uma das mais perigosas do mundo. Recebemos ameaças todos os dias. O agente não anda armado por opção, e sim por necessidade”, concluiu.
O agente, que foi preso em casa por uma guarnição do 1º BPM ainda com a arma do crime, vai continuar preso e deverá ser transferido para o Iapen. Cristian será sepultado no domingo, 3. Ele fazia um curso técnico de enfermagem, e era membro da igreja evangélica Reviver.
A Polícia Civil já começou a tomar os primeiros depoimentos e ainda está longe de concluir o inquérito, mas já é possível afirmar que o crime foi fruto da intolerância (de ambas as partes).