Humberto Baía, de Oiapoque – Os moradores da quase isolada Oiapoque foram para as ruas na tarde desta terça-feira, 19, para protestar contra o isolamento do município do sistema de energia que abastece o restante do Estado. A cidade, que vive um racionamento há quase duas semanas, teve as ruas invadidas por manifestantes na maior passeata já realizada no município, segundo os organizadores.
A indignação com o racionamento ganhou mais força depois da morte de um estudante de enfermagem intoxicado com monóxido de carbono de um grupo gerador doméstico, no último fim de semana.
O protesto foi organizado por alunos e professores do campus binacional da Unifap e pelo Movimento “Acorda Oiapoque!”. A concentração, marcada para as 15 horas, aconteceu no famoso Marco Zero da cidade.
Em seguida, a multidão percorreu as principais ruas da cidade cantando o hino do município e gritando palavras de ordem como “queremos energia do linhão!”.
Em frente ao prédio da CEA, os manifestantes queimaram pneus e ameaçaram queimar o prédio, mas foram impedidos pela PM. Pelo menos 2 mil pessoas, segundo a Policia militar, seguiram em direção à ponte binacional.
Alguns manifestantes ameaçaram cruzar a ponte para o lado francês, mas também foram impedidos. Apesar da tensão, não houve prisões e ninguém saiu ferido.
Oiapoque é o único município isolado do sistema que agora está sendo conectado ao Sistema Interligado Nacional, processo que está sendo conduzido pela CEA e que no último fim de semana incluiu o Sul do Estado, onde ficam os municípios de Laranjal e Vitória do Jari, cidades que viviam a mesma dependência de geração de energia térmica.
“O movimento está crescendo e teremos outros protestos”, adiantou Oscar Grislael, um dos organizadores da passeata desta terça-feira.