Criticado pelas entidades de Marabaixo, mas comemorado pelos grupos de Melody, o deputado estadual Antônio Furlan (PTB) foi um dos protagonistas da semana. Nesta quinta-feira, 25, ele organizou uma entrevista coletiva para falar da polêmica e da mudança no projeto de lei que tornaria o Melody patrimônio cultural imaterial do Amapá. Agora o parlamentar propõe tornar o melody “referência cultural contemporânea do Amapá”. Segundo o deputado, o objetivo é valorizar e reconhecer as pessoas que trabalham com o movimento no Estado.
A polêmica em torno do projeto começou na segunda-feira, 22, quando representantes de grupos de Marabaixo protestaram contra o primeiro projeto.
“O melody não tem raiz no Amapá. Ele é um movimento que veio do Pará. Patrimônio é algo ligado às nossas raízes. Que ligação o melody tem com a cultura do Amapá?”, argumentou durante os protestos a presidente da Associação Cultural Marabaixo do Laguinho, Daniela Ramos.
SelesNafes.Com: Porque essa luta toda para o reconhecimento do Melody?
Antônio Furlan: O estado tem que colocar a mão em cima dessa cultura para que possamos ter acesso e saber a necessidade dessas pessoas. Devemos dar o devido reconhecimento a um estilo da população do Amapá. Nossa ideia sempre foi de inclusão social, fomento a cultura e tirar da vulnerabilidade social as pessoas que participam desse movimento.
Porque mudar de patrimônio imaterial para referência cultural contemporânea musical?
Em nenhum momento tentamos desvalorizar outros ritmos. Em virtude do que aconteceu e da manifestação de outros segmentos, reavaliamos que o projeto precisava de mudanças, já que o primeiro não atendia de fato o que a lei preconiza. Essas alterações não vão ter problemas para votação, já que o melody pode ser reconhecido como referência cultural contemporânea de música. E vamos aprovar o projeto na próxima segunda-feira.
O que muda na prática para as pessoas que trabalham com esse segmento?
Primeiro essas pessoas terão reconhecimento de um ritmo. Após a aprovação, vamos declarar de utilidade pública a Federação de Fã-Clubes de Melody, para que eles possam fortalecer parcerias com o poder público e participar de eventos como Macapá Verão e Expo-feira.
Qual o aprendizado que fica com o protesto de outros segmentos?
O que me alegra é que essa semana foi à semana do ano que mais se falou de cultura no Amapá. Eu vou a eventos de Melody, reúno com pessoas do segmento, danço e conheço a realidade do movimento. É a diversão do povo. Ninguém está importando cultura, só estamos valorizando. Só porque não é Caetano Veloso ou Tom Jobim que não é referencia cultural? Queremos dar respeito para esses fãs. Assim como exigir respeito dos outros segmentos.