O Brasil está em crise. Uma crise que, dizem os economistas gabaritados, tende a se prolongar mais que o esperado por conta da crise política que põe em confronto o Congresso e o governo, emperrando os ajustes fiscais necessários para que o país comece a tirar o pé da lama. Enquanto as coisas não se resolvem lá por cima, cá onde vivem os brasileiros anônimos, que sentem na pele e, principalmente, no bolso, a palavra de ordem é “não deixar a peteca cair”. Ou, melhor dizendo: “se virar”.
E é nesse quesito que o professor de capoeira Ronielson Silva, o Professor Bicudo, é mestre. Bicudo montou em sua casa, no Laguinho, um pequeno ateliê onde transforma páletes e carretéis de cabos telefônicos descartados na rua, em móveis estilosos, ideais para áreas externas. Latinhas de cerveja viram mini esculturas de animais da flora amazônica.
O trabalho, começado há um ano, teve que ser interrompido por falta de estrutura. Mas agora que o artista tem condições de tocar o empreendimento, já começa a organizar sua linha de produção com a meta de finalizar oito peças por dia.
”O trabalho, a gente tá começando agora, e já tem uns clientes que viram na internet e se interessaram”, comemora Ronielson.
Ainda na fase de formação de preço de seu produto, o professor de Capoeira, que também é agitador cultural e dos esportes radicais, acredita que os móveis que fabrica podem gerar um reforço de R$ 800 mensais no orçamento. Mas na medida e que o trabalho é divulgado, a tendência é que esse rendimento melhore.
A empreitada de Ronielson mostra bem o espirito criativo do brasileiro e sua capacidade de reagir às situações adversas. Basta agora arranjar uma maneira de reciclar políticos ou fiscalizá-los mais de perto, como estão fazendo as populações dos municípios do Sul do país.