O Amapá tem se destacado no paratletismo nacional. Com dois atletas de ponta bem colocados no ranking nacional, a possibilidade de o Amapá ter representante na Paraolimpíada do Rio de Janeiro aumenta. Uma associação foi criada para agregar e descobrir novos talentos nesse segmento, que é relativamente novo no Amapá.
Márcia Oliveira e Alessandro Brito são atletas amapaenses que têm se destacado nacionalmente. Os dois são cegos e disputam várias modalidades.
A Associação Amapaense de Esporte para Pessoas com Deficiência (AAEPED) nasceu em maio de 2013, depois que Márcia Oliveira conseguiu três medalhas em uma competição Norte-Nordeste, realizada pela Associação de Deficientes Visuais e Amigos. Isso empolgou o professor e fundador da associação, Marlon Gomes.
Hoje a associação conta com 15 atletas que participam das competições. No ano passado, a associação enviou esse grupo para disputar uma competição nacional, e o resultado foi impressionante. Eles trouxeram 32 medalhas, deixando para trás muitos favoritos.
“O bom desse tipo de competição é que é aberta para todo mundo. Atletas de outros países podem participar e isso ajuda a melhorar o desempenho dos nossos competidores. É claro, tem muita tensão, mas por outro lado incentiva o atleta a dar o máximo de si”, diz o técnico Marlon Gomes.
Mas as coisas não são tão fáceis como parece. O técnico conta que as dificuldades são grandes, quando se trata do deslocamento dos atletas para os treinos. Ele diz que tem que passar na casa de cada um deles para levá-los aos treinos, o que lhe traz um custo financeiro mensal muito grande.
“Aqui eu sou o patrocinador. Nós procuramos apoio da prefeitura, mas ela nunca ajudou. A única ajuda que recebemos foi do governo do Estado que nos cedeu três passagens no ano passado para competirmos em um torneio Norte-Nordeste. Três atletas recebem bolsa atleta no valor de R$ 900 cada, o que alivia bem o lado deles e os incentiva a continuar”, comentou o técnico.
“O atletismo mudou a minha vida. Antes me sentia desvalorizada e sem ânimo para nada. Mas depois das conquistas nas competições, minha autoestima melhorou e me sinto uma outra mulher”, diz a atleta Márcia Oliveira, 19 anos, que tem deficiência visual.
“Antes eu só ficava em casa ouvindo novela e não queria saber de nada. Até para sair de casa era uma luta. No atletismo, a gente aprende a ter independência. A gente vem aqui e fica solto às vezes enquanto o técnico da instrução a outros atletas. Aí arriscamos dar uns passos para longe. Isso me faz muito bem”, afirmou Edileuza Amorim, 33 anos. Ela também é uma das promessas de medalha para o Amapá.
A equipe se reúne toda as segundas, quartas e sextas-feiras, de 15h30min às 17 horas, e está aberta para quem quiser participar. O professor diz que as pessoas que chegam, passam por um teste para ver se é isso que querem mesmo.