O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é a maior festa religiosa do povo católico do Amapá, assim como em Belém (PA). No Amapá, a romaria completa 81 anos de história e devoção. O que muita gente não sabe é que ao longo desses anos muitos rituais foram mudados, inclusive, imagem da própria santa não é a mesma. Quem contou sobre essa história de fé foi o próprio bispo de Macapá, Dom Pedro José Conti.
Era ano de 1934. Macapá ainda pertencia ao Estado do Pará. O cortejo do Círio foi pequeno, com um esquadrão de vinte guardas da santa. A transladação foi no fim da tarde de 6 de novembro. A imagem de Nazaré saiu da Igreja de São José para a residência do Senhor Cesário dos Reis Cavalcante, onde hoje está a Avenida Amazonas, e depois até a Matriz de São José. Mas há controvérsias.
Algumas pessoas relatam que a primeira procissão ocorreu ao comando da senhora Ester Benoniel Levy, esposa do então prefeito de Macapá, major Moisés Eliezer Levy. Ela teria organizado a procissão e a festa.
Outros dizem que o Círio aconteceu no dia 5 de outubro do mesmo ano, e foi organizado pela Professora Guita. Como não havia imagem da santa, a imagem utilizada foi a de Nossa Senhora da Conceição. Mas o cartaz abaixo mostra a data verdadeira: 11 de novembro, dia da procissão.
“O percurso é o mesmo há décadas, mas a romaria é uma metáfora de peregrinação com a nossa própria vida. No percurso temos sede, cansaço. Vemos pessoas pagando, agradecendo e pedindo coisas à Virgem, assim é a vida. Hoje temos duas santas, uma oficial que fica na catedral, e outra que é da peregrinação, mas a simbologia é que move nossa fé”, destacou o bispo.
O Círio deixou de ser realizado em novembro passando a ter a mesma data de Belém após um acordo feito entre o então prefeito Major Eliezer Levy, um dos organizadores, e a Igreja. Atualmente, a peregrinação começa quase um mês antes do segundo domingo de outubro, e passa por instituições públicas e privadas, somando com 10 romarias entre Mototaxistas, Caminhoneiros, Fluvial, Círio das Crianças, Musical, entre outras.
É comum, durante a procissão, ver fiéis pagando promessas, com os pés descalços, carregando cruzes, miniatura de casas, e crianças vestidas de anjinhos. É dessa forma que a população agradece pelas bênçãos alcançadas durante o ano. Mas, o bispo alerta sobre a extravagância.
“Nós sabemos que Cristo já pagou pelos nossos pecados e muitas vezes as pessoas querem esse sofrimento como oferenda de amor a Cristo e a Virgem. Mas, Deus não quer que soframos”, frisou Dom Pedro.
A corda é um dos maiores símbolos de devoção no Círio, depois é claro, da própria imagem da santa. A corda usada na procissão representa a ligação entre os fiéis, em uma demonstração de devoção, sacrifício e amor.
Neste ano, a corda tem 150 metros de comprimento e foi doada por uma empresa de transportes do estado. Geralmente, ao fim da peregrinação, os fiéis cortam um pedaço e levam de recordação para casa.
A organização pediu que os fieis não levassem facas este ano e nem outos objetos cortantes. Os guardas da berlinda ficaram encarregados de cortar pedaços da corda e distribuir aos fieis.
A procissão do Círio começou às 7 horas e seguiu percurso de 3 quilômetros pela Avenida Cora de Carvalho, Rua Hildemar Maia, Avenida Mendonça Furtado, Rua Hamilton Silva, Avenida Presidente Vargas, Rua Cândido Mendes e Avenida Mário Cruz, além da Praça Veiga Cabral e avenidas adjacentes.