Idosos tomaram conta do plenário da Câmara de Vereadores de Macapá nesta quarta-feira, 21, para uma audiência pública sobre a violência. As estatísticas deste ano já superaram de todo o ano passado, e existem queixas antigas, como, por exemplo, a tradicional falta de respeito dos motoristas de ônibus.
“Muitas vezes as pessoas nos menosprezam. Já aconteceu de motorista não parar o ônibus pra mim, de atendente de secretaria me tratar mal. Isso sem contar aqueles que já viram o rosto pra não falar. Não pedimos atenção, pedimos respeito”, enfatizou a aposentada Elza Calandrine, de 73 anos.
De acordo com dados do IBGE, 6% da população amapaense são pessoas acima de 60 anos, o equivalente a cerca de 45 mil idosos. O dado mais alarmante é o de vítimas de maus tratos e até morte.
Segundo o Conselho Estadual do Idoso, em 2014 foram registrados 129 casos de maus tratos no Amapá e 10 óbitos. Este ano já foram denunciados 241 casos e 48 mortes. Agrava o problema o fato de o estado não possuir uma rede de proteção à pessoa idosa, como centro de apoio e delegacia de polícia.
“O idoso não possui uma delegacia especializada e nenhuma rede de proteção. É cada um por si. Pedimos que cada órgão assuma o seu papel de defensor. Trabalhamos de maneira árdua, mas as estatísticas mostram que muitos idosos morrem em decorrência de maus tratos”, destacou a presidente do Conselho do Idoso, Nádia Costa.
A audiência ouviu membros do Conselho, Ctmac, Abrigo São José e outras entidades. Os problemas mais comuns são: maus tratos físicos, abandono, violência psicológica e furto de aposentadoria. Segundo a polícia, na maioria dos casos os familiares são responsáveis pelos crimes.
“Essa é uma discussão muito ampla e muito me indigna os familiares abandonarem os idosos no abrigo. Muitos chegam desnutridos e com marca de violência. Esperamos que essa audiência nos ajude a mudar essa realidade”, ressaltou Marlete Ferreira Gomes, presidente do abrigo São José, hoje com 60 idosos.
A audiência foi proposta pelo vereador Nelson Souza (Rede) em parceria com o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa e especialistas da área. Segundo o vereador, a finalidade é desenvolver políticas públicas para a valorização e proteção do idoso.
“Existe uma constatação dessa violência contra o idoso e ela é quase invisível na sociedade, mas isso não pode continuar. Todos estamos caminhando para essa idade. Nosso objetivo é criar essa rede de proteção e fomentar esse debate apontado caminhos de melhoria”, justificou o vereador Nelson.