SELES NAFES –
Dois amapaenses participaram da maior pesquisa já realizada para aferir o tamanho do prejuízo e o quanto a Amazônia e o restante do mundo ainda vão perder em árvores até 2050. O estudo fez um alerta impressionante: se o desmatamento continuar avançando, a região vai perder mais da metade 15 mil espécies de árvores nos próximos 35 anos. A boa notícia é que o Amapá, por enquanto, está escapando desse cenário preocupante.
O estudo foi conduzido por 158 cientistas de 21 países com a participação dos pesquisadores Marcelo de Jesus Veiga Carim e José Renan da Silva Guimarães, do Instituto de Estudos e Pesquisas Científicas do Amapá (Iepa).
A pesquisa, publicada na Science Advances, uma das revistas científicas mais respeitadas no mundo, levou em consideração dados de monitoramentos florestais com mapas atuais de desmatamento para calcular o tamanho do prejuízo e onde o problema é mais grave.
O objetivo era verificar os estragos a partir de 1950 e entender quais os verdadeiros prejuízos também para a fauna existente em 6 milhões de hectares de floresta da Amazônia.
“Descobrimos que não apenas as espécies arbóreas estão desaparecendo, como também muitos organismos animais e insetos que dependem dessas árvores”, explica o botânico, Marcelo Carim.
Os pesquisadores concluíram que a Amazônia pode abrigar mais de 15 mil espécies arbóreas, e que entre 36% e 57% “estão globalmente ameaçadas”.
O estudo ainda concluiu que o mesmo processo pode ocorrer com a maior parte das 40 mil espécies ao redor do mundo. O alento é que no caso do Amapá, e de outros estados da Amazônia, existem unidades de conservação e reservas indígenas, mas neste último caso nem isso é totalmente suficiente para garantir a preservação da floresta.
No entanto, o estudo diz que um outro desafio é convivência com grande projetos econômicos nas áreas de mineração e geração de energia.
“As reservas amazônicas ainda enfrentam uma barreira de ameaças, da construção de barragem e mineração, a queimadas e secas, intensificadas pelo aquecimento global, além da invasão direta de terra indígenas”, diz o artigo.