Horas depois da vitória política de Waldez Góes que sepultou o processo de impeachment na Assembleia Legislativa, o governador recebeu no fim da tarde desta segunda-feira, 23, 15 dos 24 deputados estaduais no Palácio do Setentrião. Góes agradeceu os parlamentares que tinham rejeitado pela manhã a criação de uma comissão processante. Apesar da aproximação, o encontro ainda não foi considerado uma aliança.
Interlocutores disseram que a rejeição da comissão e o encontro de hoje à tarde “foi construído a muitas mãos”. O encontro não foi fotografado. Entre os parlamentares, estavam deputados que iriam participar da comissão, como Jaci Amanajás (PROS).
Pela manhã, até os deputados da oposição, Cristina Almeida e Max da AABB, votaram contra a comissão e, consequentemente, contra o impeachment.
O grupo avaliou que era melhor desembarcar do projeto do impeachment por duas razões: a primeira seria um problema grave na admissibilidade da denúncia feita por um advogado que alegava irregularidades nos repasses feitos pelo Executivo ao Legislativo, que totalizaram R$ 18 milhões entre janeiro e julho deste ano.
A denúncia era considerada fraca, já que as antecipações foram solicitadas pela Alap, e ainda por cima foram conduzidas pela secretaria de Fazenda, e não pelo governador.
Por conta disso, a possibilidade de que a Justiça anulasse todo o processo era muito grande, e o primeiro sinal veio na semana passada quando o juiz convocado pelo Tribunal de Justiça, João Guilherme Lages, deferiu liminar impedindo que o governador fosse afastado pelos deputados durante o trâmite do processo de impeachment.
O outro motivo seria o próprio arrefecimento do clima de conflito. Os parlamentares teriam avaliado que o embate, nos níveis a que foi elevado, produziria um desgaste desnecessário.
Além disso, os deputados tem outras preocupações pela frente. O governo do Estado deve repassar amanhã cerca de R$ 3,5 milhões, o que não cobre as despesas do Legislativo nem com a folha de pagamento. O valor refere-se ao saldo duodécimo do novembro , já que o governo continua descontando as antecipações, o verdadeiro estopim da crise.
Nesta terça-feira, 24, um grupo de parlamentares pretende defender que o repasse seja integralmente utilizado no pagamento dos salários dos deputados referente a outubro. A mesma corrente quer que o dinheiro seja utilizado também para cobrir os salários dos cargos comissionados e a verba indenizatória de outubro. O grupo defende que o assunto deva ser debatido abertamente em plenário.