HUMBERTO BAÍA, DE OIAPOQUE –
Em Oiapoque, cidade a 590 quilômetros de Macapá, não existem garimpos, mas é no lado brasileiro o ponto de partida para a difícil vida de garimpeiro. Uma aventura que, em muitos casos, pode terminar da pior maneira possível, como ocorreu com um casal assassinado em um garimpo.
Nos portos da cidade não é difícil ver o vai e vem diário de passageiros nas catraias. São centenas de toneladas de material de trabalho e mantimentos que saem diariamente em direção aos garimpos.
Durante o período de estiagem, subir o Rio Oiapoque não é tarefa fácil por causa das pedras que viram verdadeiras armadilhas. Normalmente, a viagem dura um dia até às comunidades de Vila Brasil e a Ilha Bela, mas a jornada pode chegar a 24 horas.
Nos garimpos a vida em sociedade não é fácil. Uma simples discussão pode fazer um desafeto e terminar em morte. Foi o que aconteceu com o casal de garimpeiros Carlos André de Sousa, de 39 anos, e Alda Braga, de idade não informada.
No último fim de semana, em um garimpo conhecido como Limoeiro, na selva da Guiana Francesa, eles foram assassinados com um único tiro de espingarda calibre 12 enquanto dormiam. O acusado é conhecido na região como Mak Sandro, com quem Carlos teria se desentendido.
Depois de uma longa jornada, nesta terça-feira, 10, os corpos do casal foram levados até um ponto no Rio Oiapoque, conhecido como “As Pedras”, um lugar de difícil acesso a 40 minutos de sede da cidade.
Dois servidores da Prefeitura de Oiapoque foram até o local para fazer a remoção dos corpos sob o olhar curioso de uma multidão que aguardava no cais da cidade.
O autor do duplo homicídio sumiu nas matas e os corpos foram levados para Macapá. Na região, muitos crimes acontecem sem que as autoridades possam fazer alguma coisa. Em casos assim, o criminoso costuma ser caçado por amigos e parentes das vítimas, prolongando o banho de sangue.