ANDRÉ SILVA –
A segunda invasão da Rodovia Norte/Sul, na Zona Norte de Macapá, não para de crescer. Desta vez até índios se juntaram a outras famílias que chegaram ao local há mais de um mês.
Agora a invasão acontece em uma parte próxima do muro que antes separava as terras do Estado e da União, ao lado do Bairro Infraero II. A primeira invasão, desfeita por decisão da Justiça Federal no mês passado, ocorreu bem na margem da rodovia. A nova fica um pouco mais afastada.
Os invasores acham que a Justiça Federal não teria legitimidade para julgar processos referentes à primeira invasão, já que as terras já tinham sido doadas pela União ao Estado. O governo alega que pretende construir no local um conjunto habitacional com mais de 7 mil moradias, além de órgãos públicos.
Um dos índios invasores, Paulo Borges Soares, de 27 anos, disse que já vive há muito tempo na cidade, e que agora deseja o seu pedaço de terra. As pessoas que o ajudaram a conseguir um espaço na invasão dizem que ele andava com a mulher e seus quatro filhos de bairro em bairro sem paradeiro.
A esposa de Paulo está no sétimo mês de gravidez.
“Eu consegui esse espaço aqui e ninguém vai tirar”, garante o índio já um pouco alterado.
Além de Paulo, existem cerca de vinte índios morando em barracos de palha. Por várias vezes os moradores tentaram contato, mas a língua foi o obstáculo.
Já há energia elétrica nos barracos. Os sem-teto improvisaram postes feitos com troncos de árvores para iluminação das casas e das ruas. Alguns também já cavaram poços e fossas.
A invasão ocupa a área que vai desde o início do Bairro Infraero II ao fim do Bairro Ilha Mirim.