CÁSSIA LIMA –
Na manhã desta sexta-feira, 11, dez famílias voltaram a ocupar a área que pegou fogo há dois anos e destruiu mais de 400 casas no Bairro Perpétuo Socorro, Zona Leste de Macapá. Os invasores são pessoas que moravam na área do incêndio e que hoje vivem em casas alugadas pelo governo do Estado. Eles dizem os aluguéis estão atrasados há cinco meses e que os proprietários estão ameaçando despejo.
A dona de casa Luíza Santiago, de 54 anos, já foi despejada duas vezes de casas alugadas por causa do atraso no pagamento dos aluguéis. Antes do incêndio, ela morava com mais 11 pessoas da família no local e trabalhava como ambulante, mas tudo foi consumido pelo fogo. Hoje a esperança é retomar a antiga vida.
“Moro numa casa alugada no Ipê e já estamos com ordem de despejo. O governo disse que ajudaria, mas só temos promessa. Ou a gente volta pra cá ou mora na rua, porque ninguém quer mais alugar casa pra gente”, disse Luíza enquanto limpava a área da sua antiga casa.
A dona de casa não é a única que pretende voltar. O autônomo Geovan Santos, de 33 anos, também perdeu tudo no incêndio. Hoje ele mora de favor no quintal da casa da sogra, mas a vontade é outra. Confira o depoimento dele no vídeo.
Atualmente, a área que pegou fogo está tomada pelo mato e lixo. O mau cheiro é insuportável e tem lama por todo o lado. Muitas famílias já cercaram a área de sua antiga casa como forma de delimitar espaço. Esse é o caso do João Eudes, veja o vídeo que ele mostra onde morava.
A realidade é mais forte que o vídeo. A família da dona Idelza da Silva, de 47 anos, acordou cedo e veio limpar o lugar da antiga casa. A situação dela é difícil. Ela já foi despejada da casa onde morava e hoje ela pretende voltar porque não tem pra onde ir.
“Eu morava aqui desde os meus 12 anos. Aqui eu casei e tive meus filhos. Comecei a trabalhar como ambulante, mas no incêndio perdi tudo que tinha. Fizemos essa cobertura e vamos voltar pra cá. Aqui fiz a minha vida que e hoje busco retomar. Eu e meus filhos estamos vivendo de doações”, contou ainda emocionada.
Todas as famílias que estão voltando para a área foram cadastradas pela Secretaria de Inclusão e Mobilização social (Sims) para receberem aluguel social.
A assessoria da Sims reconhece o atraso no pagamento do aluguel. Segundo a secretaria, existem três meses de aluguel atrasado deste ano e dois meses da gestão anterior. A Sims informou ainda que até o fim do dia tentaria resolver o pagamento das 34 famílias que estão no aluguel.