EDSON CARDOZO –
A mortandade de peixes que ocorreu no Rio Araguari, município de Ferreira Gomes, a 137 quilômetros de Macapá, no dia 13 de novembro, foi provocado pela vazão de água da hidrelétrica Ferreira Gomes Energia acima do normal. É o que aponta o laudo do Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Amapá (Imap), divulgado na quinta-feira, 3.
De acordo com o analista ambiental do Imap, Allan Costa, a abertura das comportas gerou um turbilhonamento na água (foto acima) provocando uma supersaturação de oxigênio, causando embolia gasosa nos peixes.
Segundo Allan Costa, o laudo do Imap descarta a possibilidade de que a qualidade da água poderia ter relação com as mortes. “A hidrelétrica realizou a manobra de movimentação das comportas horas antes da constatação da mortandade. Concluiu-se, então, que a empresa Ferreira Gomes Energia foi a responsável pelo fato”, completou o analista.
Para confirmar que a água do Rio Araguari não matou os peixes, os analistas do Imap usaram como base as análises da qualidade da água feitas pela própria empresa em junho e setembro de 2015, que não apontaram qualquer anormalidade. Além disso, na noite do ocorrido foram feitas novas análises e também não mostraram nada fora dos padrões.
Multa
De acordo com os analistas do Imap, o laudo apena oficializa o que eles já haviam previsto. Ou seja, que a mortes dos peixes foi por embolia gasosa, que ocorre quando as comportas são abertas causando um turbilhonamento na água.
Eles também informaram que o laudo reforça a multa aplicada à empresa pelo “crime ambiental grave”, no valor de R$ 30 milhões. O fato de a mortandade ter ocorrido na piracema, período de reprodução dos peixes, foi considerado um agravante. Muitos peixes mortos estavam “ovados”.
O Imap está estudando alterações na licença de operação da empresa para que novos desastres não voltem a ocorrer.