ANDRE SILVA
A crise não perdoou nem o mais tradicional bloco de carnaval de rua do estado, A Banda. Este ano o desfile não terá de perto a mesma estrutura dos anos anteriores. O mais essencial (para o bem estar do macapaense e da cidade) seriam os banheiros químicos, que para o trajeto precisariam ser ao menos 150. Se nada mudar até o dia do desfile, na Terça-Feira de Carnaval o folião vai precisar improvisar muito para se aliviar.
“Hoje o governo não tem condições de nos ajudar mais do que pode. Ele já nos ajuda na construção do nosso Centro Cultural, ali na Avenida Ernestino Borges, que iremos inaugurar no fim de janeiro. Dificuldade financeira todos nós temos. A Prefeitura de Macapá vai nos dar uma ajuda singela e agradecemos a ela, e o governo vai nos dar o aparato de segurança e saúde”, reconhece o presidente do bloco, José Figueiredo Souza , o Savino.
Mas a preocupação maior é com a infra-estrutura, especialmente a que permite a higiene da cidade.
“Nós vamos ficar prejudicados quanto à arquibancada, trio elétrico e banheiros químicos, infelizmente”, lamentou.
A Banda começou com 15 brincantes no carnaval de 1965 e completa 51 anos no próximo dia 2 de fevereiro. O que começou com uma brincadeira entre amigos na Terça-Feira Gorda hoje contabiliza mais de 160 mil brincantes, público de 2015. É por isso que A Banda é considerado um dos maiores blocos de rua do Norte do país.
No ano em que A Banda saiu às ruas da cidade pela primeira vez, o povo sofria a amarga ditadura militar. O professor Savino lembra que os militares chegaram a proibir o desfile na Avenida FAB.
“Entramos na FAB. Quando íamos seguindo na frente do antiga Sede do Clube Macapá, o general da época mandou uma guarnição da Guarda Territorial e nos proibiu de passar, esse foi o primeiro ano. No ano seguinte, o Janary Nunes (então governador) ganhou a eleição para deputado federal e nós o apoiamos. Daí pra frente não tivemos mais problemas e o bloco foi só aumentando, de quinze hoje somos mais de 160 mil brincantes”, orgulha-se Savino.
Entre as atrações do bloco estão os bonecos. O primeiro foi a Chicona, confeccionado por Cláudio Monteiro Lima, o Cutião, falecido em 1995. Depois surgiram os outros bonecos como o marido da Chicona, o Anhanguera, os filhos Arizinho e Cuteão e a Iracema, que se chamou assim devido a homenagem prestada para esposa do ex-governador do estado Janary Nunes, dona Iracema Carvão Nunes. Além dos bonecos, A Banda tem a “Farmácia”, uma carroça que serve bebida de graça para os foliões.
A Banda desfila no dia 2, às 14 horas, e o roteiro é o mesmo do ano passado, saindo da Avenida Presidente Vargas, passando pela Cândido Mendes. Depois o cortejo segue pela Feliciano Coelho, Rua Leopoldo Machado, Avenida Ernestino Borges, Rua São José e termina na Praça Barão do Rio Branco, no Centro de Macapá.