SELES NAFES
O Conselho de Administração da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) aprovou a resolução que cria as regras de uso de matéria-prima regional em produtos a serem fabricados na Zona Franca Verde de Macapá e Santana. A partir de agora, indústrias interessadas em se instalar no Amapá já podem apresentar propostas. Mas, para chegar a esse ponto, primeiro foi preciso vencer o lobby das indústrias do Sul e assegurar que a preponderância da matéria-prima regional torne viável o investimento de indústrias no Amapá.
A votação ocorreu nesta sexta-feira, 26, em Manaus (AM) e foi acompanhada pelo governador Waldez Góes (PDT), o prefeito de Macapá Clécio Luis e os senadores Randolfe Rodrigues (REDE) e Davi Alcolumbre (DEM), além de técnicos do setor econômico e representantes de classes empresariais do Amapá.
A resolução definiu as escalas mínima, relativa e máxima de presença de matéria-prima regional nos produtos que serão industrializados no Amapá, como bebidas, cosméticos, material de higiene, limpeza, madeira, minério, grãos e mercadorias de origem animal, como peixe, carne de gado, leite, laticínios e derivados.
“Eu e o prefeito Clécio somos membros natos do conselho, e por isso precisávamos estar aqui para defender a tese que construímos juntos no Amapá e que torna viável a nossa Zona Franca para as empresas interessadas. A resolução, do jeito que ficou, é como uma chave que abre as portas da Zona Franca do Amapá para a indústria”, avaliou o governador Waldez Góes logo após a aprovação da resolução.
No entanto, a aprovação da resolução do jeito que o Amapá queria não foi fácil. Um dia antes houve debates prévios longos entre técnicos da Suframa e representantes do Amapá. Havia muito interesse contrário para enfraquecer as zonas francas verdes da Amazônia.
“Hoje foi o momento mais político. Ontem foram mais de seis horas de debates e isso foi importante pra reverter uma resolução que seria desfavorável para a nossa Zona Franca Verde”, comentou o economista Charles Chelala.
“Esse é um sonho de muitos anos. Fui relator quando tramitou na Câmara dos Deputados do projeto de renovação dos incentivos da área de Livre Comércio de Macapá e Santana e, nesse momento, a concretização da ZFV traz uma real perspectiva de desenvolvimento industrial e formação de uma cadeia produtiva de produtos regionais que fará com que o Estado saia daquilo que chamamos de economia do contracheque”, avaliou o senador Davi Alcolumbre.
“Foi exemplar a participação do prefeito Clécio e do governador Waldez na defesa. Sairemos da matriz de dependência e iremos para a matriz de desenvolvimento de produtos”, acrescentou o senador Randolfe Rodrigues.
Randolfe criticou a falta de investimentos do governo federal na Amazônia com os recursos arrecadados pela Suframa.
“Foram R$ 2 bilhões nos últimos quatro anos com as atividades da Suframa. Tudo isso em nome de um negócio que eu acho pavoroso que é superávit primário”, comentou, acrescendo que esse dinheiro poderia ser usado para estruturar as novas zonas francas em Macapá, Santana, Cruzeiro do Sul (AC), Basileia (AC), Tabatinga (AM), Boa Vista (RR) e Bonfim (RR).
Agora, o Amapá precisa ser “vendido” como Zona Franca viável. Por isso, um seminário vai reunir a classe empresarial no estado no próximo dia 3 com a presença do ministro do Desenvolvimento Armando Monteiro, que esteve em Manaus acompanhando a votação na Suframa.
No dia 18, o governador Waldez Góes vai até São Paulo para um encontro com 150 empresários japoneses numa articulação com a Embaixada do Japão no Brasil.