ANDRÉ SILVA
Uma das margens da área onde vai passar a Rodovia Norte/Sul continua sendo ocupada por famílias, e cresce também a quantidade de índios morando no local. São cerca de 20 indígenas de cinco famílias que dizem ter vindo em busca de uma vida melhor, principalmente na área de educação.
Segundo o homem que se diz porta-voz dos invasores, Xiuhka Apalai (no centro da foto de capa), nas aldeias o ensino só vai até o quinto ano do fundamental.
“Foi minha esposa que ficou sabendo dessa invasão e decidimos vir. Somos da etnia Apalaí, no norte do Pará”, informou o índio. A tribo habita terras dentro do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.
Xiuhka conta que em 2011 quatro mulheres da sua família vieram para o Amapá em busca de estudos.
“Elas concluíram o ensino fundamental e precisavam concluir o médio. E meus filhos também precisam continuar os estudos”, relatou.
Segundo Xiuhka, muitos índios vieram da mesma aldeia dele para o Amapá e estão morando de aluguel em bairros da cidade. Ele disse ainda que vive de pequenos trabalhos oferecidos pela comunidade, os chamados “bicos”, e que não recebe ajuda de nenhum órgão federal ou estadual.
“Nós estamos aqui porque não temos condições de pagar aluguel de todos da família”, justificou.
Os índios construíram uma oca no lugar e armaram barracos com tábuas e telhas ao redor. No momento da entrevista, Xiuhka estava em companhia de outros familiares cavando um poço.
Algumas crianças brincavam por perto. O porta-voz do grupo disse que, além dele, existem outros índios espalhados pela invasão que se estende do Bairro Infraero II até à Ilha Mirim.
O local faz parte do trecho cedido pelo governo federal para ao governo do Amapá para construção da Rodovia Norte/Sul, que fará a ligação entre os bairros da Zona Norte e o restante da capital, reduzindo o tempo de deslocamento entre as duas zonas,
No dia 16 de novembro do ano passado, a Polícia Militar cumpriu o mandado de reintegração de posse expedida pela Justiça Federal. Mas de lá para cá o número de invasores só vem crescendo. Eles estão num local à beira do muro da Infraero.