DA REDAÇÃO
Aos poucos a paralisação dos profissionais de enfermagem do Amapá começa a ganhar contornos de drama, especialmente para quem depende da rede pública. Um vídeo gravado na noite da última segunda-feira, 1º, mostra 10 leitos vazios na única clínica pública de nefrologia do Estado. Segundo pacientes, profissionais de enfermagem estão se recusando a conectar os pacientes às maquinas de diálise. Na manhã desta terça-feira, 2, um paciente foi preso depois de perder a paciência ao saber que não ia fazer a sessão de hemodiálise.
De acordo com testemunhas, o paciente revoltado chutou lixeiras e tombou uma balança eletrônica no chão. Nenhuma máquina de diálise foi danificada. O paciente foi conduzido até o Ciosp do Pacoval e depois liberado para voltar à nefrologia.
Os profissionais de enfermagem estão paralisados desde segunda-feira numa queda de braço com o governo do Estado por causa do pagamento de uma gratificação. O GEA tinha se comprometido a fazer o pagamento retroativo em parcelas a partir de janeiro, mas hoje anunciou que não tem dinheiro para honrar o acordo.
No vídeo gravado na segunda-feira, é possível contar 10 leitos vazios com as máquinas de diálise desligadas. Nas imagens é possível ver alguns funcionários sentados ao redor de uma mesa conversando. A direção da clínica de nefrologia ficou de se pronunciar hoje sobre o assunto. O setor de nefrologia é terceirizado.
As máquinas são alugadas e mantidas por uma empresa particular que também é responsável pelo fornecimento de insumos. Mas a operação dos equipamentos é feita por servidores do Estado.
“Fomos comunicados pelo sindicato sobre a paralisação. Nesse casos, 30% dos funcionários devem continuar trabalhando para manter o mínimo funcionando, mas estamos com 50% dos funcionários. O que está ocorrendo é uma demora de duas e até três horas para que o paciente seja ligado à máquina, mas nenhum paciente está ficando sem atendimento. Infelizmente alguns perdem a paciência”, comenta Leila Silva, responsável técnica da equipe de enfermagem da clínica.
O setor de nefrologia do Hospital de Clínicas Alberto Lima é a única clínica pública em todo o Estado. Tem capacidade para atender 200 pacientes, só que hoje mais de 240 fazem hemodiálise. Foi necessário criar um quarto turno de trabalho, que vai até 1h da madrugada, para atender todos os pacientes.
O movimento só vai desafogar quando o governo do Estado terminar a construção da clínica de nefrologia de Santana. A previsão é março. Dos 240 pacientes atendidos em Macapá, pouco mais de 50 são do município de Santana.
A hemodiálise é necessária quando os rins não funcionam mais na eliminação de líquidos e toxinas. Quando o paciente renal demora a fazer a sessão (são 3 por semana), o corpo fica inchado e a pessoa tem falta de ar.