DA REDAÇÃO
Em depoimento dado ao Ministério Público do Estado, o ex- assessor parlamentar Daniel dos Santos Dias revelou que a maior parte dos R$ 11 milhões, supostamente pagos como propina para a transferência da Estrada de Ferro do Amapá à Zamin, foi sacada e entregue ao então presidente da Assembleia Legislativa do Amapá, Júnior Favacho (PMDB). O Site SELESNAFES.COM teve acesso a detalhes da investigação que revelam a origem e o destino do dinheiro.
Segundo o MP, o ex-presidente da Junta Comercial do Amapá, Jean Alex Nunes, que está com a prisão temporária decretada (mas não foi preso), teria sido o intermediador da transação entre Júnior Favacho e a Zamin.
O ano era 2013. A ALAP analisava na época o pedido de transferência da concessão da estrada de ferro da Anglo Ferrous para a Zamin. De acordo com o MP, houve uma negociação entre a Zamin e a ALAP para que o pedido fosse aprovado sem problemas.
Depois de combinado o valor da propina, R$ 11 milhões, o dinheiro foi depositado na conta de Daniel dos Santos pela empresa Genpower Energy Participações Ltda. Durante as investigações, Daniel apresentou ao COAF um contrato de trabalho com a Genpower que, garante o MP, é falso.
O dinheiro foi depositado na conta do assessor em duas parcelas de R$ 5.267.280,00 e de R$ 5.339.935,00, totalizando R$ 10.607.755,00. No depoimento, Daniel disse que emprestou sua conta a pedido do então presidente Júnior Favacho.
Em seus pedidos de prisão e de busca e apreensão, o MP afirma que a maior parte do valor teria sido sacada e o restante depositado em contas de pessoas e empresas diferentes.
Desse total, R$ 600 mil teriam sido transferidos para a empresa H G Pizzaria, de propriedade de Jean Alex Nunes. Segundo o delator, entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões teriam sido gastos na aquisição de caminhões e tratores para a empresa de concretagem H.M.M.M. Favacho.
Também teria sido realizados depósitos para a empresa L.C.F Favacho, além da aquisição de veículos e máquinas pesadas transferidos para Fausto José da Silva, que trabalhava para Júnior Favacho e seria o testa de ferro na hora de registrar os veículos e maquinários.
Na última quarta-feira, 2, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão temporária no Amapá e no Rio de Janeiro, onde fica a sede da empresa Genpower Energy Participações Ltda.
No mesmo dia, foi confirmada apenas a detenção de uma das três pessoas que tiveram a prisão decretada pelo desembargador Raimundo Vales, do Tribunal de Justiça do Amapá. A busca e apreensão ocorreram em residências e veículos dos investigados e nas instalações da Zamin com o objetivo de impedir a destruição de provas.
Além de Jean Alex Nunes, tiveram as prisões decretadas o empresário Marco Antônio Grecco e Carlos Daniel de Magalhães Filho, representante da Zamin na Inglaterra.
O desembargador negou o pedido de condução coercitiva para Júnior Favacho, sob o argumento de que ele ainda não tinha se negado a prestar esclarecimentos em nenhuma das vezes que foi convocado para depor.
Vales atendeu em parte ao pedido do MP para que fossem sequestrados bens móveis e imóveis dos investigados. Ele considerou que apenas os bens que teriam sido adquiridos com o valor da propina, referindo-se aos veículos, caminhões e tratores comprados em três empresas nos estados do Pará e Paraná pelo deputado, poderiam ser sequestrados.
No entanto, ele determinou o bloqueio de contas até o limite de R$ 11 milhões de Marco Antônio Grecco, Carlos Daniel, Jean Alex Nunes, Rogério dos Santos Marques, Daniel dos Santos Marques, Fausto José, Júnior Favacho e H.M.M. Favacho.
O Site SELESNAFES.COM entrou em contato com a assessoria do deputado Júnior Favacho, mas haverá um posicionamento da defesa sobre o assunto mais tarde. O advogado de Jean Alex Nunes, George Tork, disse que por enquanto não irá se pronunciar a respeito do assunto.