CÁSSIA LIMA
Famílias que possuem parentes sepultados em cemitérios de Macapá reclamam do descaso com manutenção desses locais. As sepulturas só recebem serviço de limpeza em datas comemorativas como o Dia de Finados. Por isso, algumas famílias decidiram contratar zeladores particulares.
A reportagem do site SELESNAFES.COM foi até o maior cemitério da capital, o São José, no Bairro do Buritizal, e encontrou desde mato alto, água parada e até árvores tombadas.
“Meu esposo e filho morreram há 10 anos e desde então limpo a sepultura deles, mas acho uma falta de respeito esse serviço não ser ofertado. Além de não ter limpeza, nós que limpamos não temos uma lixeira para colocar o lixo. Só lembram desse lugar no Dia dos Finados”, queixou-se a aposentada Maria Astrogilda, de 63 anos.
O Cemitério de São José foi fundado em 1955. Atualmente possui 26 mil lotes e cerca de 60 mil sepultados. O espaço está tomado pelo mato alto, os vasos possuem água parada e para onde se olha tem lixo.
Quem zela pelo espaço com frequência em respeito aos parentes costuma ter dor de cabeça. Um dos sepultados é o pai do oficial de justiça Gesiel Oliveira.
Gesiel conta que iniciou uma verdadeira luta contra a administração do cemitério por causa de uma árvore que tombou em cima do mausoléu do pai.
“Tínhamos acabado de terminar a sepultura do meu pai e caiu uma árvore que danificou toda a estrutura. Agora a administração não quer nem tirar a árvore e nem pagar o prejuízo. A árvore corre o risco de cair sobre o granito e dar um prejuízo ainda maior”, destacou Gesiel.
De acordo com administração do cemitério, a limpeza dos mausoléus e sepulturas é de responsabilidade das famílias, já os outros espaços e ruas são competência do município.
Apesar de muita sujeira encontrada, o administrador do cemitério, Nonato Maciel, afirma que o espaço é limpo com frequência.
“Não temos um cronograma de limpeza, a não ser em datas como Dia das Mães, dos Pais e Dia de Finados. Mas eu te garanto que limpamos todo aqui no cemitério. Acontece que as famílias não têm o hábito de assumir essa responsabilidade e acabam colocando tudo na nossa costa. No caso dessa árvore já pedimos autorização da Semur para fazer a retirada”, enfatizou Nonato.
Enquanto existem famílias que limpam as sepulturas, outras acham mais cômodo contratar zeladores, pessoas que limpam as sepulturas e cobram uma média de R$ 30 por jazigo.
Jacirene Almeida, de 47 anos é zeladora de sepulturas há 7 anos. Ela não quis revelar o valor, diz que ganha bem pelo trabalho.
“Muitas pessoas não têm tempo para limpar as sepulturas. Eu faço isso pela manhã e quando termino eu descanso e vou pra casa. Mantenho contato com as famílias e algumas vêm fiscalizar o serviço. Eu queimo o lixo já que o cemitério não possui lixeiras”, disse Jacirene.