GESIEL OLIVEIRA
O sentido dessa data veio se perdendo ao longo dos séculos. Páscoa não é coelho, Pascoa não é chocolate, Páscoa não é simbolismo, mas é amor, é reflexão, serve para lembramos das dores de Jesus Cristo. A Páscoa Cristã é uma das festividades mais importantes para o cristianismo, pois representa a ressurreição de Jesus Cristo, o filho de Deus.
A data é comemorada anualmente no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera (no Hemisfério Norte) e do outono (no Hemisfério Sul). A data é sempre entre os dias 22 de março e 25 de abril. A Sexta Feira Santa é o dia em que os cristãos celebram a morte de Jesus na cruz. E por fim, com a chegada do Domingo de Páscoa, os cristãos celebram a Ressurreição de Cristo e a sua primeira aparição entre os seus discípulos.
Claro que a escolha da data é simbólica. Não há como precisar em que dia e ano isso aconteceu. Muita gente desconhece o verdadeiro sentido da pascoa. Quero lhes apresentar um pouco mais de detalhes sobre a dor do Salvador da humanidade. Quero falar sobre o que aconteceu a Jesus antes de ser crucificado.
Nosso Senhor Jesus Cristo sofreu açoites. Foram dezenas de chibatadas com uma arma especial, um “azorrague”, na qual na ponta de cada uma das 12 tiras de couro, haviam ossos de animais quebrados, com pontas terríveis. Ou seja, para cada chicotada que Jesus recebia nesse açoite, eram 12 feridas que se abriam em seu corpo, sendo 39 chicotadas, então se multiplicarmos 39 vezes as 12 pontas do azorague, foram 468 feridas abertas no seu corpo.
Foi feita também para Ele uma coroa de espinhos. Espinhos africanos, de cerca de 7 ou 10 cm cada um, e tão rígidos que poderiam até mesmo perfurar o crânio de uma pessoa. Eram utilizados pelos marceneiros como pregos, para você ter uma ideia.
Esta coroa foi fincada pelos soldados romanos na cabeça de Meu Jesus, claro que os espinhos não foram totalmente cravados na cabeça de Cristo, se não ele teria morrido ali mesmo, entraram somente as pontas. Para não se machucarem, estes soldados utilizaram pedaços de pau, empurrando essa coroa com o peso de seu corpo.
Jesus andou pelo meio do povo, carregando a cruz (possivelmente apenas a haste horizontal dela, porque não seria possível carregar uma cruz com mais ou menos 150 quilos de madeira, após sofrer os açoites que sofreu). O trecho percorrido tinha média de 2 quilômetros.
O sangue de Jesus ia se acabando, pelas feridas da cabeça e das costas. Mais que isso, o povo o esbofeteava, escarrava nele, e o apedrejava. Literalmente, Jesus foi moído, como foi afirmado quase 700 anos antes pelo profeta Isaías (Isaías 53).
Para ser pregado na cruz, deitaram o meu Jesus naquela cruz. Mas não se esqueça que o deitar de Jesus foi torturante, afinal, lembra-se das centenas das 468 feridas em suas costas? Ao ser crucificado, recebeu pregos em suas mãos e pés. Nem todos os condenados eram pregados. Aliás, os pregos eram uma condenação a mais para os criminosos que tinham certo requinte em seus crimes (noutras palavras, pregos eram para bandidões). Jesus recebeu também, além dos açoites, o castigo dos pregos. Cada um desses pregos tinha de 15 a 20 cm, no formato de uma estaca, com uma ‘cabeça’ de 6 cm.
A outra extremidade era pontiaguda. O detalhe é que Jesus viu o soldado romano apoiar o 1º prego em sua mão, erguer o martelo, imagine a aflição psicológica de Jesus ao ver o que lhe esperava, fora a dor do prego sendo cravado. Para o segundo prego ser pregado no seu outro braço, Jesus teve que ser “esticado” pelos soldados para o prego entrar na marcação que estava na cruz, já que a cruz era para Barrabás e não para Jesus, sendo que Barrabás era mais alto que Jesus, sendo assim, tendo braços mais compridos que Jesus, que teve este ombro deslocado e foram rompidos os ligamentos e tendões que ligavam o ombro com o braço.
Sendo assim, quando a cruz foi erguida, obrigou Jesus a forçar todos os músculos de suas costas, para manter-se ereto e conseguir respirar com menos dificuldade, já que o impacto do levante da cruz que foi suspendida com o auxílio de cordas, e, sem nenhuma delicadeza fez com que o corpo de Cristo foi jogado a frente, até ela ficar quase a 90 graus, na posição que ficaria até Jesus espirar.
Com seu encaixe violento no buraco no chão, de uns 60 ou 70 centímetros de profundidade, se firmou, em pé no chão onde a cruz ficaria, assim o corpo de Cristo foi jogado a frente, com isso Ele teve que contrair seus músculos dorsais para voltar a ficar encostado na cruz, por ter seus tendões rompidos, Jesus precisava fazer uma força incomum para que seu tronco não fechasse contraído, liberando assim espaço para o seu pulmão movimentar-se. Tudo isso para poder respirar porque perdia todo o ar, com seu tronco contraído.
Outra coisa: você já notou como é mais fácil respirar com seu pescoço ereto? Mais ainda se você deitar sua cabeça para trás, olhando para cima? Isso porque suas ‘vias aéreas’ ficam completamente livres para a circulação do ar. Jesus não conseguia olhar para frente, menos ainda para cima. Se fizesse isso, certamente a coroa de espinhos encostaria na cruz, ocasionando-lhe uma dor horrível.
Mas voltou seus olhos aos soldados romanos, ao povo que blasfemava-o, ao bandido crucificado num de seus lados e que ria-se dele… E, mesmo com essa falta de ar, suspirou entre os seus dentes: “Pai, perdoai-vos, porque eles não sabem o que estão fazendo!”
Na luta por um pouco de ar, meu Senhor era obrigado a apoiar-se no prego colocado em seus pés que eram maiores ainda que o de suas mãos, porque pregaram os seus dois pés juntos. E como seus pés não aguentariam por muito tempo sem rasgarem-se também, Jesus era obrigado a alternar esse ciclo simplesmente para poder respirar, sem encostar suas feridas das costas na cruz, para sofrer uma dor a menos.
As cruzes feitas a alguns criminosos eram munidas de um acento, na altura das nádegas do crucificado, para que o condenado pudesse se assentar, o que facilitava sua respiração, uma vez que dava possibilidade de sua coluna permanecer pouco mais ereta. Na cruz do meu Senhor, este detalhe não existia. Mais uma marca de que esta cruz fora feita para um criminoso de renome. Não se esqueçam que Barrabás foi libertado, e a cruz que foi improvisada para a crucificação de meu Jesus era para Barrabás.
Jesus aguentou essa situação por 6 horas. Sim, longas 6 horas! Muito tempo, não é verdade? Marcos 15.25, afirma que Jesus foi crucificado a hora terceira (as 9 horas da manhã). E a hora nona (às 3 da tarde) Ele deu Seu grito final: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni?” (Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?) [Marcos 15.34]. Da hora sexta até a hora nona, o céu tornou-se escuro. Ares de morte eram notáveis após as 3 primeiras horas de crucificação.
Alguns minutos antes de morrer, Jesus já não sangrava mais. Simplesmente saía água de seus cortes e feridas, o que sinaliza que seu sangue acabara.
O corpo humano está composto de 5,5 a 6 litros de sangue (em um adulto). Jesus derramou todo sangue; teve três pregos enormes cravados em seus membros; uma coroa de espinhos em sua cabeça, buracos enormes dos açoites em suas costas, ferimentos das pedradas e, além disso, um soldado romano cravou uma lança em seu tórax, testificando que seu sangue realmente se esgotara.
Água: sinal de que tudo estava acabando. Aliás, numa ocasião normal, tudo deveria ter acabado. A morte tentava, mas não conseguia vencer ao Meu Senhor. A dor O tomava, a ponto d’Ele ver-se desamparado pelo Pai. Com as dificuldades de quase 6 horas de cruz, ele agora grita: “Deus meu, Deus meu! Por que me desamparaste?”
Deus, Jesus estava citando as passagem em Salmos: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? [Por que estás] longe de salvar-me, [Das] palavras do meu bramido?”(Salmos 22:1). Hora nona. Escuridão de morte tentando roubar a vida de Meu Jesus. Seis horas de tentativas mal sucedidas. Haja vista que a morte não o vencera, nem pela dor, nem pela falta de sangue, Jesus volta-se a Deus novamente, num dos maiores hinos de vitória da Bíblia: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”.
Não foi a morte que o venceu. Não por si mesma! Ele, o Meu Jesus, que entregou Seu espírito, não a morte, mas ao Pai! “Em Suas mãos”, diz Meu Jesus. Hino de vitória sim! Jesus, em outras palavras, disse para a morte: “Não és demasiadamente forte. Não para mim! Mas agora eu declaro, eu mesmo, e não você, morte: está consumado!”, e entregou-Se.
O hino ainda duraria mais uns dois dias (levando em consideração que Jesus foi crucificado numa sexta). Este hino só iria se concluir quando o Meu Jesus fosse visto ressurreto, sem o inchaço das bofetadas em Seu rosto, sem sangue vertendo das feridas.
Feridas, aliás, cicatrizadas! Hino que iniciava-se com a violência dos soldados romanos, passaria pelo silêncio fúnebre do sábado, e voltava as triunfantes trombetas no domingo, declarando para a morte novamente: “não és forte! Derrotada! Onde está tua vitória e teu aguilhão?”
Imaginou que processo doloroso que Jesus sofreu? Imaginou também que isso tudo foi por você? Minutos antes de ser entregue por Judas aos soldados, Jesus orava. Foi no Getsêmani, que significa “prensa do óleo”. Pedia a Deus que, se fosse possível, fizesse-O passar aquela hora. Porém, quando Jesus abriu Seus olhos, o que viu não foi algo humano. Seria humano se visse a penumbra da noite, a floresta fechada, mas o que viu foi algo além do visível.
Abriu os Seus olhos, e o Pai o fez “viajar no tempo” até enxergar você. E sabe o que Jesus pensou, quando te viu? Ele pensou: “vale a pena passar por tudo isso!”. Vale a pena! Jesus não titubeou em passar por toda essa humilhação, porque quando te viu, sentiu um amor tão grande, maior que a angústia daquele momento, e declarou que valia a pena! Pense agora: vale mesmo a pena? Temos honrado com a confiança o que Jesus teve em nós? Temos correspondido aquele amor de forma fiel e incorruptível?