CÁSSIA LIMA
Os alunos das escolas estaduais do Amapá foram surpreendidos nesta quarta-feira, 30. Eles só souberam que não haveria aulas quando chegaram às escolas no início da manhã. Não sabiam que horas antes os professores haviam decidido em assembleia paralisar em protesto contra o parcelamento de salários.
A frustração dos alunos, que ainda não tiveram nem duas semanas seguidas de aulas, pode ficar ainda maior se a categoria decidir entrar em greve por tempo indeterminado, como é provável que ocorra.
Neste ano, as aulas já iniciaram atrasadas, no dia 7, e logo em seguida houve uma paralisação nacional da categoria por três dias (8 a 10). Depois veio o recesso da Semana Santa (24 a 27) e agora outra paralisação com possibilidade de greve.
Levy Claúdio, de 15 anos, cursa o 1ª do ensino médio, que acredita que o ano letivo de 2016 só deverá termina no ano que vem.
“Eu entendo e apoio a paralisação, mas já me vejo estudando aos sábados, não tendo férias e nem feriados. Eu sei que é uma reivindicação deles, mas dá uma tristeza começar o ano assim”, reclamou.
Danrley Cardoso, de 16 anos, estuda o terceiro ano do ensino médio na escola Antônio Cordeiro Pontes, no Centro de Macapá. Ele conta que além da paralisação, a escola enfrenta outras dificuldades.
“Ainda sofremos com a falta de professores, por exemplo. Estamos tendo aula de filosofia com o professor de história. Imagina essa carência de conhecimento para quem está prestes a fazer vestibular”, queixou-se.
Nesta manhã, os professores protestaram na Praça da Bandeira e depois fecharam a Avenida FAB e a Rua General Rondon, em frente ao Palácio do Setentrião.
“Não podemos aceitar esse parcelamento em um Estado com o orçamento e folha como o nosso. Vamos paralisar e tentar um diálogo. Sabemos o embaraço que isso traz aos alunos, mas não podemos permitir esse abuso contra os servidores da educação”, destacou o professor de Língua Portuguesa, Maurício Araújo.
A estudante Alessandra Oliveira, de 16 anos, também pretendia concluir o ensino médio esse ano a tempo de fazer o Enem e realizar o sonho de cursar medicina veterinária. Com a paralisação, ela já começa a mudar os planos.
“Vou pro cursinho de tarde, mas já vou compensar a falta de aula pela manhã assistindo outras aulas. Preciso ter assunto pra estudar e se houver greve o cursinho será a minha escola”, contou.