ANDRÉ SILVA
Da noite para o dia cresce o número de barracos dentro da invasão às margens da Rodovia Norte Sul, na Zona Norte de Macapá. São centenas de armações de madeira que se espalham pelo local. Segundo o presidente da associação que comanda a ocupação, cerca de 150 famílias já estão morando na área.
O número de invasões vem aumentando em Macapá consideravelmente. No início do mês a Polícia Militar cumpriu um mandado de reintegração de posse em um lugar chamado “Área do Leite”, no Infraero 2, Zona Norte.
Com a retomada da posse das terras, as famílias que ocupavam a ‘Área do Leite” migraram para a Nova Jerusalém.
“Nós estamos querendo apenas essa área que passa ao lado da Ilha Mirim. Não queremos ocupar o espaço que está destinado à construção do conjunto Iracema. Nós sabemos que a Lagoa dos Índios é uma área protegida por lei e não vamos ocupá-la”, disse o líder da ocupação, Luiz Monteiro.
Além de crianças e famílias inteiras, há também muitos idosos morando no local, como é o caso da aposentada Sílvia Cunha de Oliveira, de 91 anos. Ela conta que nasceu no Pará e está em Macapá há mais de 30 anos. Mãe de 4 filhos, apenas uma lhe acompanha. Sílvia Oliveira conta, com dificuldade, que já teve uma casa, mas que se desfez dela há uns anos.
“Hoje eu vivo com uma de minhas filhas. Antes nós morávamos de aluguel, mas com a aposentadoria que ganho não dá pra ficar pagando. Tenho que me alimentar e ainda comprar remédio”, lamenta a idosa.
A área já havia sido desocupada por determinação da Justiça Federal em novembro do ano passado. Alguns dias depois os invasores voltaram e agora ocupam uma área bem maior, que vai do início do Infraero 2, segue o muro do bairro Infraero e termina na Ilha Mirim, quase na margem da Lagoa dos Índios.
A Secretaria de Transportes do Amapá (Setrap), responsável pela obra da Rodovia Norte-Sul ficou de se pronunciar sobre o assunto nos próximo dias.