CÁSSIA LIMA
A defesa da família do taxista morto a pauladas em julho do ano passado vai pedir a reabertura das investigações por acreditar que mais pessoas estejam envolvidas no assassinato. Dois acusados foram condenados na última quarta-feira, 6, num julgamento realizado em Porto Grande, a 105 quilômetros de Macapá.
“Existem evidências e testemunhas que apontam que teriam mais pessoas envolvidas no assassinato do senhor Wilson. A justiça condenou em pena máxima dois acusados, mas eles só executaram a vítima. Existem outras pessoas envolvidas e nós vamos recorrer para que elas também sejam julgadas”, frisou o advogado da família de Wilson, Cícero Bordalo Júnior.
O corpo do taxista foi encontrado na madrugada do dia 8 de julho de 2015, em um ramal próximo da BR-210. Wilson estava desaparecido havia três dias. No corpo havia marcas de agressão física, estrangulamento e facadas. Ele deixou cinco filhos.
Na época do crime, a polícia prendeu dois acusados: Abraão Silva de Sousa, acusado de bater e imobilizar o taxista, e José Alves de Morais, acusado de deferir as cinco facadas que levaram a vítima a óbito. Ele também ajudou a esconder o cadáver. Ambos foram condenados a 31 anos de reclusão em regime fechado.
O crime teria ocorrido após uma tentativa de assalto. Segundo as investigações da polícia, os acusados queriam o carro da vítima para realizar a clonagem do veículo. A defesa acredita que no estado existe um grande esquema organizado nesse segmento.
“Vou ingressar sim com o pedido de reabertura com relação aos demais. Existe no Amapá uma quadrilha de desmonte e clonagem muito bem articulada e com uma estrutura sólida que pode ser até comandada por presidiários. Está na hora do MP investigar mais e vou cobrar celeridade”, adiantou Bordalo.
Medo
Dez meses após da perda de Wilson, taxistas sentem no dia a dia o medo de trabalhar. A situação é pior para aqueles que precisam trabalhar a noite. O taxista Francisco Roberto Oliveira, tem 62 anos, 35 deles dedicados à profissão. Ele conta que com a morte do amigo Wilson, o pânico tomou conta.
“A gente sabe que a justiça foi feita, mas o meu amigo não vai voltar nunca mais. O medo é recorrente e pelo menos uma vez na semana tem taxista que sofre assalto. Eu não trabalho mais a noite por causa disso”, contou o taxista.