SELES NAFES
Se fosse gente, a cadela que era estuprada pelo dono, um homem de 71 anos, dificilmente iria se recuperar de tantas agressões físicas e psicológicas. Depois de resgatada, ela passou por uma cirurgia de reconstrução da vulva, tratamento com antibióticos e até quimioterapia, além, é claro, de uma grande dose de amor. Jujuba se recuperou.
Desde que foi resgatada com ajuda de policiais da Delegacia de Crimes Contra o Meio Ambiente (Demam) no dia 15 de janeiro deste ano, Jujuba está morando com Victor Hugo, da ONG Unidade de Proteção Animal Costelinha (Upac).
“Além da cirurgia, ela precisou de dois meses de antibióticos, e agora teve a grande notícia que ela está curada. Ela já brinca com outros cães e não tem mais medo de outras pessoas. Antes ela tinha medo até de mim”, comemora Victor Hugo.
Jujuba também precisou de quimioterapia para vencer as várias doenças venéreas que tinha.
“Por isso o tratamento foi caro. Aquele homem tem várias doenças e passou pra ela”, diz o ativista se referindo a Palmírio Morais, de 70 anos, que criava a cadela desde filho no Bairro Parque dos Buritis, na Zona Norte de Macapá. Cansados de ouvir os choros de sofrimento do animal, vizinhos chamaram a ONG que avisou a polícia.
Por se tratar de um “crime de menor potencial ofensivo”, Palmírio nem chegou a ser preso. Prestou depoimento e foi indiciado por maus tratos a animais. A zoofilia é considerada um distúrbio.
Adoção
Victor Hugo costuma se apegar aos animais que resgata e cuida. Muitos, como Jujuba, são levados para a casa dele. Outros vão para um abrigo, mas todos acabam sendo encaminhados um dia para adoção.
Candidatos não faltam. Mas neste caso ele ainda não decidiu se vai fazer o mesmo com Jujuba, a exemplo de Costelinha, o cachorro que apanhou de um lutador de MMA até desmaiar. Victor Hugo tratou de Costelinha e o adotou, mas alguns meses depois o animal morreu por causa de sequelas das agressões. Hoje a ONG leva o nome do companheiro.