CÁSSIA LIMA
Quem vê Lucas Thiago dos Santos, de 12 anos, ganhando medalhas em campeonatos de jiu-jitsu não tem ideia de quantas batalhas ele precisa vencer fora do tatame para chegar ao ponto de disputar as competições. A principal delas é a falta de patrocínio fixo. Nessa luta ela conta a ajuda de outra guerreira, a mãe Jady Campos. O próximo desafio é conseguir apoio para disputar o Campeonato Brasileiro, em Belém.
O adolescente nasceu com artrogripose múltipla, uma doença congênita rara que se caracteriza por articulações fracas e fibrose fazendo com que as pernas sejam curvas. Mas a deficiência nunca o impediu de sonhar.
Ele treina há dois anos todos os dias das 19h às 22h, no Projeto Faixa Preta Formando Campeões, no Bairro Universidade, Zona Sul de Macapá.
Ele, a mãe e dois irmãos moram em uma quitinete alugada numa área de pontes do Bairro do Muca. A casa é pequena, não possui geladeira e nem ventilador.
“Um professor chamado Castelo me convidou para participar das aulas do programa. Eu gostei muito e decidi competir. Acho muito bacana e gosto da disciplina que existe nos campeonatos. Quero muito ir nesse do Pará”, disse Lucas que é muito tímido.
Medalhas e abandono
Em pouco tempo ele já coleciona 10 medalhas de campeonatos que participou e já fez vários pódios. A última vitória foi no dia 20 de março, quando foi campeão do Norte de Jiu-Jitsu, em competição também em Belém.
“Esse campeonato foi realmente um desafio pra ele. Foi a primeira vez que eu não o acompanhei. Mas ele foi lá, mostrou força e fé e voltou pra casa vitorioso junto com o Venilton Teixeira”, conta emocionada Jady.
A dificuldade para Lucas participar dos campeonatos é financeira. A mãe sustenta ele e os irmãos com ajuda de doações. O pai os abandonou quando ela estava no sétimo mês de gravidez de Lucas.
O Campeonato Brasileiro de Jiu-Jitsu (CBJJ) ocorrerá entre os dias 21 a 24 de abril. Nesta sexta-feira, 8, o secretário de Desporto, Lazer e Cultura do Estado, Edinoelson Pereira Trindade, confirmou que o governo irá custear as passagens do paratleta para o campeonato. Mas existem outras despesas.
“Agora só falta R$ 150 da inscrição e R$ 40 da filiação na Confederação. Apesar de toda a dificuldade, eu me sinto feliz em ajudar ele a realizar seus sonhos. Pode não significar nada pra muitas pessoas, mas pra mim é o sonho dele que eu consigo realizar”, disse a mãe.
“Aceitamos toda ajuda, desde um quimono novo até pra comprar um ventilador pra ele. Podemos estar quase indo pra Belém, mas ele já me falou que quer ir ao mundial em São Paulo em Junho”, adiantou a mãe.
Os interessados em patrocinar Lucas, podem entrar em contado com a mãe do paratleta pelo telefone: (96) 99199-6244.