CÁSSIA LIMA
Os indígenas abrigados na Casa de Apoio a Saúde Indígena do Amapá (Casai) receberam atendimento especial na manhã desta terça-feira, 19, no Bairro Alvorada, Zona Oeste de Macapá. O lugar está superlotado.
A Casai tem 11 anos de existência e abriga atualmente 173 indígenas. São 86 pacientes e 87 acompanhantes em um espaço construído para acomodar apenas 90 pessoas.
“Eles acabam ficando mais tempo que o esperado devido a demora nos procedimentos. Muitos chegam aqui com doenças simples como gripe, mas acabam descobrindo problemas cardiovasculares, por exemplo. Sem contar a longa espera para a consulta de retorno, que na maioria dos casos leva 30 dias”, reclamou a coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), Valderbite Barbosa Marques.
O Amapá possui atualmente 11.700 índios em 127 aldeias, a maioria localizada no Parque do Tumucumaque, que compreende terras de vários municípios como Oiapoque. A Casai abriga indígenas de todas as etnias do estado e até algumas do Pará, como Gabili, Galibi- Marwarno, Karipuna, Palikur, Wajãpi, Wayana, Apalair e Tiriyó.
Nesta manhã, foram ofertados serviços de consulta médica, audiometria, consulta bucal, distribuição de preservativos, orientação sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, massoterapia, nutricionista, corte de cabelo e recreação. Os serviços foram prestados pelo Serviço Social da Indústria (Sesi).
“Eu estou há um mês e meio fazendo tratamento para paralisia facial aqui na Casai. Onde moro também temos apoio, mas aqui é melhor. Hoje vim consultar meu filho”, contou a jovem Kumapy Samira, de 17 anos, da etnia Apalair, localizada no estado do Pará.
O indígena Maoari Waiãpi está em tratamento contra pedra na vesícula. Ele conta que onde mora, no Oiapoque, o serviço é muito demorado e não há profissionais suficientes.
“Existe um atendimento, mas é uma vez ao mês e demora muito para retornar. Estava com muitas dores e decidi vim pra cá me tratar. Hoje fiz aplicação de flúor”, comentou.
Assui Apalair, 42 anos, está na Casai acompanhando a esposa Felicidade Apalair, 46 anos. Eles procuraram o local para ter auxilio no tratamento das dores nas costas e miopia da mulher.
“Estamos recebendo todo o apoio, inclusive de medicamentos. Hoje participamos de corte de cabelo, mas aproveitamos para fazer pinturas e vendas de nossos adereços”, disse Assui.
De acordo com a direção da Casai, muitas indígenas grávidas procuram apoio na Casa para tratar de gestações de risco, como gravidez precoce e bebês com possíveis anomalias.