Sem pressa e sem roupa

Alunos do curso de Artes Visuais se propuseram a "desacelerar" e relaxar para refletir sobre a corrida cotidiana contra o relógio. E relaxaram mesmo
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MANOEL DO VALE E SELES NAFES

Em tempos de zica, impeachment, alta no preço da gasolina e do açaí, eventos que causam a sensação de estar em uma montanha russa, uma turma do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá (Unifap) propôs deitar e relaxar para esquecer o tempo e seus apertos. Deu certo. Dois deles ficaram tão à vontade que decidiram até tirar as roupas.

O exercício de nadismo (e depois de nudismo) começou na tarde desta quarta-feira, 13. Os estudantes esticaram redes de dormir nas colunas da passarela coberta do Centro de Letras, Artes e Jornalismo da universidade, e, sobre estas, diversos despertadores, programados para tocar de forma aleatória. A proposta era dormir com o barulho dos aparelhos.

Estudantes ataram as redes no corredor do Centro de Artes, Letras e Jornalismo. Fotos: Manoel do Vale

Estudantes ataram as redes no corredor do Centro de Artes, Letras e Jornalismo. Fotos: Manoel do Vale

“Nós estamos vivendo em uma sociedade muito acelerada, e o que a gente propõe é ir na contramão desse fluxo. A proposta é deitar na rede, relaxar, e não se preocupar muito com o tempo”, explicou Vagner Nascimento, aluno do sexto semestre.

Mas do que se esticar num cochilo, a performance dos estudantes remete a uma reflexão necessária sobre o tempo e suas exigências: tomar decisões agora, como responder sim ou não ao impeachment da presidente, que terá efeito imediato e a longo prazo.

A ideia era dormir com o barulho dos relógios

A ideia era dormir com o barulho dos relógios

O despertador trintando sobre cabeças apressa a tomada da decisão, como é comum na sociedade moderna onde o tempo é preciso, escasso, e vale dinheiro.

Os alunos de Artes Visuais foram mais além. Dois deles, um rapaz e uma jovem, acharam que para ficar mais à vontade poderiam se despedir, sem a pressão da preocupação de como seriam julgados.

Apesar das cenas inusitadas, não houve tumulto. Na verdade, a comunidade da Unifap está um pouco acostumada a cenas assim. Na verdade já houve outros atos parecidos, a maioria relacionada ao curso de artes em anos anteriores. 

Alguns estudantes fotografaram a ousadia e postaram nas redes, e ficou só nisso. Por enquanto.

A reitora da Unifap, Eliane Superti, está em Brasília, cumprindo agenda em ministérios. A assessoria de imprensa confirmou que houve mesmo a “performance” com nudismo.  

Seles Nafes
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