CÁSSIA LIMA
O Tribunal do Júri da Comarca de Macapá iniciou na manhã desta segunda-feira, 9, o julgamento de dois policiais militares acusados de matar os irmãos Sidônio, em um bar no Distrito de Fazendinha, em 2012. Segundo acusação do Ministério Público Estadual, os PMs alvejaram as vítimas após uma briga generalizada. A previsão é que o julgamento dure dois dias.
O crime ocorreu por volta das 6h do dia 21 de janeiro de 2012, quando os irmãos Marcelo Calandrini Sidônio, de 20 anos, e Uilian Calandrini Sidônio, de 27 anos, e mais quatro amigos, iniciaram uma discussão com um outro grupo que estava no bar.
O motivo seria o desentendimento de uma mulher com Marcelo. Marcelo morreu no local com três tiros. Já Uilian foi alvejado com dois tiros pelas costas, encaminhado ao Hospital de Emergências, mas não resistiu.
“Essa mulher mexeu com o Marcelo e ele tentou se afastar. Eu realmente não sei se ela conhecia ele ou vice-versa. Daí os amigos que estavam com ela, já avançaram jogando um tijolo nele. E o Uilian com o resto dos amigos começaram a brigar com os amigos dessa mulher”, contou Moisés Calandrini Sidônio, de 58 anos, pai das vítimas.
De acordo com as investigações, a Polícia Militar foi chamada para atender a ocorrência. A partir desse momento surgem duas versões do fato. A primeira versão, do MP, afirma que os policiais, à época cabos, Alex Alfaia e Márcio André Andrade, estavam no bar, mas sem fardas. Eles teriam atirado nas vítimas.
A outra versão, da defesa, é de negativa de autoria. De acordo com o advogado do réu Alex, Charles Bordalo, os policiais estavam no bar, se identificaram, mas não teriam atirado nas vítimas e nem participado da briga.
“Ele estava na hora, mas não se envolveu na briga e nem participou do tiroteio. Os tiros saíram de dentro de um carro amarelo que passava no local, inclusive há testemunhas que provam isso. Os outros tiros deferidos pro ar, foram de policiais do Batalhão Ambiental, que estavam lá pela ocorrência”, alegou Bordalo.
“O André nem estava no local na hora dos tiros. Ele estava sim no bar, mas foi embora logo após o início da briga. Essas testemunhas que o acusam já deram três depoimentos falsos e controversos. Então, negamos a autoria e vamos encaminhar para análise o pedido de falso testemunho dessas pessoas”, destacou Helder Carneiro, advogado de defesa de Márcio André.
O julgamento ouvirá 13 testemunhas e tem previsão de entrar pela noite e continuar durante a terça-feira, 10. Familiares e amigos que acompanham o júri estão indignados e esperam que a justiça seja feita.
“Eu perdi dois amigos do bem, que tinham uma vida promissora pela frente. Foi uma morte tão brusca e violenta feita por PMs. É uma perda que ninguém e nada vai preencher, mas se a justiça for feita, será o mínimo”, frisou Sandro Melo, de 40 anos, amigo das vítimas.