CÁSSIA LIMA
Familiares e amigos de Aldir Charone, 90 anos, participaram da cerimônia que jogou as cinzas do ex-guarda territorial na Fortaleza de São José de Macapá, na manhã desta sexta-feira, 20. Segundo familiares, esse era o maior desejo do paraense que adotou o Amapá como seu eterno lar.
“O maior desejo da vida dele era ter as cinzas jogadas aqui na Fortaleza. Ele se dedicava ao Amapá de corpo e alma, e sempre nos transmitia amor imensurável por esta terra. Desde os 50 anos de idade ele já havia planejado e dizia que queria suas cinzas aqui, neste chão”, disse Aldir Charone Júnior, filho do ex-guarda territorial.
Cumprindo o desejo do pai, Aldir Júnior jogou as cinzas do ex-guarda em frente à capela de São José, no interior da Fortaleza. A cerimônia, simples, reuniu amigos da Guarda, admiradores do ex-combatente, além do secretário de Cultura do Amapá, Carlos Matias, e servidores da fortaleza.
“Ele nós deixou ensinamentos de combate, disciplina e amor ao território. Hoje é um dia memorável, não por estarmos realizando o desejo dele, mas sim por, mesmo morto, ele nos deixar essa lição de amor pelo Amapá”, frisou o ex-combatente da Guarda Territorial, inspetor Lúcio Dias.
Aldir chegou em Macapá bem jovem, em 1930. Nesse período participou ativamente da construção do Território Federal do Amapá sendo secretário de Segurança Pública. Exerceu as funções de professor na escola técnica e de conselheiro da Companhia de Eletricidade do Amapá. Além de militar na criação da maçonaria e servir a Guarda Territorial de 1937 a 1964, quando foi cassado e preso pela Ditadura Militar.
Passou alguns meses preso e depois foi solto. Por motivos de segurança da família, preferiu ficar em Belém, mas sempre visitava o Amapá. Casou e foi pai de cinco filhos, todos nascidos no Hospital Mãe Luzia, em Macapá.
O ex-guarda faleceu dia 20 de abril, em Belém, no Pará, vítima de parada cardíaca. Seu corpo foi cremado e nesta manhã suas cinzas se misturaram ao chão da Fortaleza.
“Ele hoje é parte do lugar onde serviu e da cidade onde se apaixonou. Podemos dizer que ele faz parte deste chão, ar e desta cidade. Hoje ele descansa em paz e feliz por estar em Macapá”, disse o filho emocionado.