ANDRÉ SILVA
Um grupo de amigos deficientes visuais se reuniu para cobrar melhores condições de acessibilidade em Macapá. Os problemas são antigos: falta de rampas de acesso a órgãos públicos e calçadas; piso tátil e semáforos sonoros. O grupo relata acidentes ocorridos com pessoas próximas que caíram em bueiros e se feriram em placas de trânsito mal posicionadas.
O ‘Grupo de Inclusão no Meio do Mundo’ surgiu com o objetivo de lutar pelo direito a acessibilidade e inclusão de pessoas com qualquer tipo de deficiência. Eles contam que vêm de uma peregrinação nos meios de comunicação da capital pedindo providências do poder público.
“Somos um grupo de pessoas cansadas de esperar pelas as associações e pelo poder publico. Nós não temos ‘CNPJ’ e não somos uma associação, falamos como cidadãos”, diz o professor Paulo Rogério.
O grupo disse que já procurou respostas para os problemas, mas até agora não receberam nenhuma. Eles contam que os órgãos que cuidam dos interesses de pessoas com deficiência não se pronunciam sobre o assunto.
A Coordenadoria de Acessibilidade e Mobilidade Urbana é a responsável por tratar desse tipo de assunto, mas nenhuma resposta foi dada. Segundo eles, a coordenadora foi convidada para uma entrevista em um programa de rádio, mas também não compareceu.
“O nosso companheiro Déo Moraes foi lá e conversou com a coordenadora, e ela disse que estão recrutando pessoas para criar um corpo técnico para elaborar projetos. Depois de quatro anos e agora que estão recrutando?”, questiona um dos integrantes.
As dificuldades que eles e milhares de outras pessoas com deficiência passam são inúmeras. O grupo foi unânime em apontar uma por uma.
“São todas. Umas rampinhas foram feitas, mas estão fora do padrão da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Se você pegar um percurso que vai desde a Câmara dos Vereadores até a frente da prefeitura, você percebe o tanto de aclives e declives nesse trecho”, conta o professor Paulo Sérgio.
Em relação aos pisos táteis, eles raramente encontram em órgãos públicos. Já as instituições privadas seriam as que estariam mais de acordo com as normas de acessibilidade. Nas calçadas da cidade esse é um acessório raríssimo, alerta o grupo.
“E eles só fazem porque o Conselho Regional de Arquitetura (Crea) cobra nos projetos de execução de obras. O problema é fora. As calçadas do centro da cidade, que deveriam ser referência, não são. Tem colega nosso que já caiu em bueiro, outros bateram a cabeça em placas de sinalização e se feriram”, conta a funcionária pública Kérsia Reis.
A Coordenadoria de Acessibilidade e Mobilidade Urbana da PMM ficou de se pronunciar até terça-feira, 31, sobre o assunto.
O grupo disponibilizou o número (96) 99152-4701 para contato, caso haja interesse de outros portadores de deficiência aderirem à causa.