CÁSSIA LIMA
Após 96 dias em greve, professores, técnicos e alunos da Universidade Estadual do Amapá (Ueap) votaram pelo término do movimento grevista em assembleia geral na quinta-feira, 23. Nessa sexta-feira, 24, os alunos começaram timidamente a aparecer na universidade. Mas para a maioria dos estudantes, a sensação é de derrota.
O Movimento Geral Unificado durou mais de três meses e tinha como pauta a construção do Plano de Cargo, Carreiras e Salários dos técnicos (PCCS); mais infraestrutura para a universidade, assim como a regularização do repasse mensal da instituição.
“O movimento estudantil sai da greve com gosto de derrota. A universidade está pior de quando a greve começou. Hoje estamos sem equipe de limpeza, fornecedores estão sem receber e não temos garantia de que o Estado vai pagar o estabelecido na reunião”, disse o aluno de filosofia Marlom Vaz.
A greve chegou a parar os dois campus da universidade. Os alunos ocuparam um dos prédios e conseguiram um acordo com o governo: um repasse no valor de R$ 700 mil mensal até o dia 30 de cada mês.
Já os técnicos e professores fecharam o acordo de terminar a greve se o governo comprometesse a colocar em pauta o PCCS dos técnicos na Assembleia Legislativa. A proposta é que o Plano entre no orçamento de 2017.
“Hoje os técnicos estão de volta, mas os alunos e professores vão voltar para a universidade apenas quando o Conselho Universitário (Consul) votar o novo calendário acadêmico. A ideia é que segunda, 27, as aulas retornem. Agora queremos saber como a universidade vai gerir essa dívida com um pequeno orçamento”, questionou o acadêmico.
A Ueap foi criada há 10 anos e precisa de um orçamento mensal de R$ 1,3 milhão para pagar alugueis de prédios, terceirizados, bolsas para acadêmicos e um investimento mínimo na extensão. Hoje a gestão deve mais de 4 meses de salários para vigilantes, outros 5 meses para o serviço de limpeza e quase um ano de aluguel do campus 2, sem contar com as contas de água e luz também atrasadas. Tudo isso vai ter que ser resolvido aos poucos com os R$ 700 mil.
De acordo com a reitoria da universidade, existem algumas propostas para se trabalhar o apertado orçamento. Uma delas é a Secretaria de Administração (Sead) assumir contratos corporativos, acelerar as obras do campus 2, na JK, e usar a escola técnica Graziela Reis de Souza como polo da universidade. Mas as propostas ainda serão encaminhadas ao Estado.