ANDRÉ SILVA
O Terminal Rodoviário de Macapá está tomado por vendedores ambulantes, que se instalaram nos corredores do terminal e na área externa. Mato alto e partes do muro estão danificadas. Moradores de rua vivem ali. O baixo movimento desanima as empresas de transporte de passageiros, que também reclamam da concorrência desleal do transporte clandestino.
Inaugurada em 1999, a rodoviária já viveu seus ‘tempos de glória’. Tempos em que as pessoas que por ali circulavam, viam um salão repleto de passageiros e pátios com ônibus saindo e chegando com frequência. Mas hoje, o local amarga a baixa procura por parte dos passageiros e a desorganização. Comerciantes utilizam o salão para montar suas barracas e vender de produtos importados a alimentos.
Raimundo, que trabalha vendendo passagem, põem a culpa na crise e nos transportes clandestinos. Ele conta que desde julho do ano passado o movimento vem caindo vertiginosamente. Raimundo calcula que as vendas reduziram 60%.
“Chegamos a um patamar muito triste, a gente quase não tem passageiro. Em todos os municípios a procura diminuiu absurdamente. Nós chegávamos a vender cerca de 48 passagens por dia para cada localidade. O ônibus ia praticamente lotado, poucas poltronas vazias. Mas de julho pra cá o movimento caiu e nós, da Amazontur e o pessoal da Amazonense, chegamos a levar cerca de 17 a 20 passageiros. As pessoas estão viajando por necessidade e não mais por lazer”, queixa-se.
Uma passagem para Oiapoque, por exemplo, custa em média R$ 115, mas as empresas baixam o preço para R$ 100, para não perder a clientela. Mas não é só reduzir o preço dos bilhetes, conta seu Raimundo, que também culpa os condutores de transportes clandestinos para a queda nas vendas.
“Nós sempre tivemos problemas com os ‘pirateiros’. O pouco que a gente vende de passagem, ainda tem que disputar com eles. As pessoas optam pelos piratas, que cobram R$ 150, porque eles vão deixar na casa, saem logo e com isso a gente perde”, denuncia.
Os vendedores ambulantes que ficam na parte interna do terminal e aqueles que se instalaram na lateral do muro, que faz separação da rodoviária com um parque de diversões, também tem gerado reclamações por parte dos donos de boxes do local.
As barracas mal posicionadas pelos corredores atrapalham a passagem das pessoas que utilizam o terminal. Segundo a Secretaria de Transportes do Amapá (Setrap), que administra o local, todos os boxes estão regulares e funcionando com licença. Mas não é isso que se ouve falar.
Segundo um empresário do local que não quis se identificar, as pessoas pagam até R$ 3 mil para ter um espaço garantido na rodoviária. Alguns chegaram a negociar o boxe com outras pessoas.
A Setrap informou por meio da assessoria de comunicação, que não tem conhecimento das denúncias e que vai apurar o fato. Ela também informa que “o terminal vai passar por uma reestruturação e fará o recadastramento dos boxes, regularizando a situação de todos os trabalhadores do local e que se houver alguém trabalhando de forma irregular, as providências cabíveis serão tomadas”, informou.