CÁSSIA LIMA
Cerca de 200 mil macapaenses correm o risco de ficar sem atendimento médico no próximo mês nos distritos que são assistidos por médicos cubanos. Os profissionais têm até o dia 30 de junho para renovar seus dados no programa “Mais Médicos”. O grande problema é que o presidente em exercício, Michel Temer, ainda não sinalizou se o programa vai ser prorrogado.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Macapá (Semsa), a capital conta com 54 médicos estrangeiros. Desse total, 47 são cubanos que trabalham no acompanhamento básico e primário da Saúde da Família, principalmente em distritos de Macapá.
“Nossa preocupação é que essa população vai ficar totalmente desassistida. Apesar de todos os esforços, não há uma previsão se o Governo Federal irá manter o programa. A gente estima um déficit muito grande para a população, principalmente no Distrito do Bailique”, destaca o subsecretário de Ação em Saúde de Macapá, Eldren Silva Lages.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Distrito do Bailique possuía, em 2010, uma população de 7.618 habitantes, e um total de 1.838 domicílios. Essa população é assistida por cinco médicos cubanos.
“Estamos falando de uma área sem muita infraestrutura e que não possui muitos atrativos para o trabalho. Isso nos preocupa, já que esse corte irá afetar essa população que já é assistida e vai ficar sem atendimento, e também a rede estadual hospitalar”, prevê o subsecretário.
Bailique é um dos distritos de Macapá que possui vaga para médicos. Acontece que em 4 anos a prefeitura nunca conseguiu contratar um clínico geral para a localidade. A vaga oferece um salário de R$ 20 mil para se trabalhar 20 dias e folgar 10.
O “Mais Médicos” foi criado pelo Governo Federal para que médicos estrangeiros pudessem atuar no Brasil por 3 anos. Os primeiros profissionais completam o prazo em julho. Em Macapá, são 14 médicos que devem retornar para Cuba, já que o visto e passaporte tem prazo de validade do programa.
“A Dilma, enquanto presidente, prorrogou o programa por meio de uma medida provisória. Mas o presidente em exercício paralisou a medida com a mudança de ministros. Já solicitamos que bancada federal se mobilize e nos dê respostas, mas a curto prazo não há solução”, lamenta Lages.
Uma alternativa para suprir a carência de profissionais seria a de o município empregar os médicos formados pela Universidade Federal do Amapá (Unifap). Da primeira turma de 24 profissionais, 15 foram aproveitados pelo município nos programas da Saúde da Família e plantões, mas não é o suficiente.
“Se a gente for esperar pela Unifap, eu vou passar 4 anos para preencher a demanda da atual população. Isso é um problema imediato, não posso esperar. A nossa preocupação é muito grande, mas, por hora, temos que esperar”, finalizou.