CÁSSIA LIMA
A Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM) registrou neste ano casos mais violentos de estupro, inclusive contra idosos e deficientes mentais. Um deles ocorreu em abril, contra uma idosa de 63 anos. O aumento nos dados preocupa a delegacia.
A idosa foi estuprada por um suspeito armado durante assalto a casa onde ela mora, no Bairro Santa Rita, na Zona Sul de Macapá. De acordo com a Polícia Militar (PM), após o crime, o acusado fugiu levando um botijão de gás e um aparelho de DVD. O mesmo criminosos também estuprou a netinha dela de apenas 8 anos.
Um caso mais recente é de uma adolescente de 14 anos que afirma que foi vítima de estupro por três homens. O crime teria ocorrido na segunda-feira, 6, no Bairro Novo Buritizal, Zona Sul de Macapá. Em ambos os casos ninguém foi preso.
“É um índice alto para nossa realidade. Os casos que chegam são de demanda reprimida, pode parecer pouco, mas são cada vez mais violentos e estão seguindo um padrão de roubo e estupro. Muitas vezes, além de violentar a mulher, os estupradores também estão cortando o cabelo da vítima. Isso tem crescido muito”, declarou a delegada de Crimes Contra a Mulher, Clívia Valente.
Em 2014, o Amapá registrou 102 casos de estupro e sete tentativas. Em 2015, reduziu para 90 casos e três tentativas. De janeiro a maio desse ano foram 39 casos e 5 tentativas. O que preocupa ainda mais a delegacia são crimes contra deficientes mentais.
“Estou com um caso de uma jovem deficiente mental que a família só descobriu o abuso quando ela apareceu grávida. Esse é o terceiro esse ano. Os estupradores estão se aproveitando ainda mais dessas pessoas”, disse a delegada.
De acordo com as estatísticas das Secretarias de Segurança Pública de todo o país, uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos. Como apenas 30% a 35% dos casos são registrados, é possível que a relação seja “de um estupro a cada minuto”. Ao todo, no Brasil, 47,6 mil mulheres foram violentadas em 2014, apontam os últimos dados divulgados.
No Amapá, é comum que os agressores sejam conhecidos das vítimas, que em média, possuem entre 25 e 40 anos, sejam mulheres solteiras e engravidem. Os crimes mais comuns são de estupros cometidos por mototaxitas clandestinos e conhecidos no final de festa.
“Infelizmente, esses crimes estão sendo rotineiros. Muito pelo fato de a mulher ter medo e vergonha de prestar depoimento e falar sobre a violência. Com muita investigação estamos conseguindo identificar esses estupradores e pedimos que as vítimas falem. Nossa meta é que esse dado não cresça até o fim do ano”, finalizou a delegada.