MANOEL DO VALE
Desde o ano passado o Ministério da Cultura vem trabalhando a construção do Glossário da Cultura. Compêndio que reúne informações fundamentais para padronizar as conversas, pesquisas e as políticas públicas de fomento ao desenvolvimento e preservação da arte e do patrimônio histórico e cultural brasileiro.
O trabalho já está na fase de sua confecção – iniciada na terceira reunião do Grupo de Trabalho (GT), ocorrida em Brasília, nos dias 5 e 6 deste mês –, depois de ter avançado a fase de definição do campo e dos objetivos que se pretende atingir, e de conhecer ontologias já produzidas que possam servir de modelo ao produto brasileiro.
“Hoje em dia temos muitos sistemas de informação, no ministério e nas secretarias estaduais e municipais, além de instituições privadas, que organizam a gestão cultural, cadastros de agentes culturais, de equipamentos, editais, números de eventos e ações culturais em geral, estudos sobre hábitos e economia da cultura, etc”, esclarece Leonardo Germani, coordenador geral do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC) do Ministério da Cultura.
Ainda segundo Leonardo, são poucos os referenciais comuns que permitem que todas essas iniciativas possam conversar e possamos cruzar as informações.
“Por exemplo, do resultado de diferentes editais do Brasil. Cada um usa uma classificação diferente para linguagens artísticas, só pra dar um exemplo”, ressaltou.
O projeto do Glossário da Cultura, cuja implantação é coordenada pela Universidade Federal de Goiás, pretende reunir uma série de padrões e vocabulários para que esses sistemas possam usar e possamos cruzar as informações. Um padrão base, que, de acordo com Leonardo, cada setor ou território pode estender para suas especificidades, mas que garante que será possível cruzar os dados com outros setores ou territórios, através de ontologias e vocabulários controlados.
“O GT Glossário da Cultura começa a desenhar quais são os termos e as grandes classes e categorias de informações básicas desta Ontologia da Cultura, que vão dar conta de tudo o que se quer organizar de informação nesse trabalho”, escreveu o historiador Paulo Zab, representante do Amapá na força tarefa que reúne cerca de 40 profissionais ligados em sua maioria ao Minc e representantes dos Fóruns de Cultura.
Zab, que é delegado do segmento de arte digital pelo Amapá no Fórum Nacional de Cultura, explica que a plataforma vai nivelar as informações entre as regiões do país quanto ao acesso de informações preponderantes para o planejamento das políticas culturais nos estados, pesquisas acadêmicas, inventários patrimoniais, entre outros assuntos ligados a cultura.
Os modelos estudados que orientam o desenvolvimento do glossário de cultura brasileiro são a inglesa BBC e a Nature, revista científica de publicação de artigos acadêmicos.
“Basicamente a ideia que estes dois modelos trazem é o de construir uma ontologia de base, composto de termos mais genéricos possíveis e uma ontologia de domínio, com especializações para os posteriores domínios culturais, que seriam basicamente: teatro, dança, biblioteca, museu e ideias que serão construídas junto com o desenvolvimento do glossário de cultura brasileiro”, afirmou o professor Dalton Martins, representante da UFG, na página do SNIIC.
O Glossário de Cultura Brasileiro será uma ferramenta de grande utilidade para o Amapá que, no ano passado, conseguiu eleger o maior número de delegados para os Fóruns Nacionais de Cultura em praticamente todos os segmentos artísticos.