DA REDAÇÃO
Morte no trânsito ainda é a principal causa de óbitos entre jovens no mundo. No Brasil, só perde para homicídio. Os acidentes envolvendo motociclistas preocupam. No Amapá, para cada 15 motoqueiros acidentados, cinco sofrem graves traumas, segundo o médico ortopedista residente no Hospital de Emergência (HE) de Macapá.
Dados do Ministério da Saúde (MS) apontaram que mais de 45 mil mortes no trânsito foram registradas em 2014. No estado, o HE recebe por dia cerca de 15 motoqueiros acidentados, desses, cinco tem fraturas graves. É o que revela o médico residente em ortopedia, Wesley Amaral.
“No ano passado o gasto com cirurgias ortopédicas chegou a R$ 53 milhões envolvendo acidentados de carro, moto e pedestres. A média chega a 150 mil vítimas de acidentes, segundo dados do Datasus”, disse.
O gasto médio da Previdência com benefícios por invalidez chega a casa dos R$ 4 milhões ao ano para o Brasil. O médico acredita que o aumento no número de acidentes se deu, também, pela combinação de três fatores: imprudência dos motoristas, uso de álcool e consumo de drogas.
Das mortes no trânsito, quase 70% das vítimas são jovens de 14 a 19 anos. Nos hospitais públicos da capital amapaense, o número de pessoas que aguardam por uma cirurgia só aumenta, formando longas filas.
“A pessoa que tem um trauma no fêmur, por exemplo, deveria receber atendimento em no máximo 15 dias, mas hoje o tempo médio para o atendimento é de 30 dias. A demora acabada deixando o paciente com sequelas. No HE existem 80 pacientes aguardando transferência para o Hcal”, disse o médico.
Traumatologia
Segundo o médico Wesley Amaral, para diminuir a fila, seria necessário um hospital de traumas.
“Se você não tiver um hospital voltado para essa especialidade, esse gargalo na saúde do Amapá sempre vai existir”, reconhece o médico.
Em comparação com países do Mercosul, o Brasil só perde para a Venezuela, que tem uma taxa de 37,2 mortes para cada cem mil habitantes.
No Sistema Único de Saúde (SUS), o reflexo do problema: em 2013 foram 170.805 mil internações por acidentes de trânsito, mais da metade envolve motociclistas, R$ 231 milhões foram usados no atendimento às vítimas.