CÁSSIA LIMA
Apesar de toda polêmica, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) disse desconhecer, pelo menos oficialmente, a realização da ‘Semana da Cultura Country’ marcada que será realizada na Fortaleza de São José de Macapá de 29 de julho a 6 de agosto. Até a manhã desta sexta-feira, 22, o Iphan ainda não havia sido comunicado oficialmente sobre a realização do evento no espaço que é um monumento tombado.
“Não fomos informados sobre o evento até o momento, o que causa surpresa tendo em vista a proximidade da atividade. Precisamos saber qual o espaço, o que eles pretendem implementar para o nosso arquiteto avaliar e dar um parecer sobre a possibilidade do evento ou não”, destacou a chefe da Divisão Técnica do Iphan no Amapá, Weleda Freitas.
A realização de eventos dentro e fora da Fortaleza é naturalmente limitada por se tratar de monumento. As festas sempre passam por avaliação por causa de estrutura de palco, som e conservação do monumento.
“Precisamos observar se ocorerrá perfuração do solo para afixação de tenda, por exemplo. Dimensão e estrutura de palco e iluminação. Se terá alguma intervenção nas muralhas ou nas edificações externas e como serão tais intervenções. Até mesmo como os resíduos serão armazenados e dispensados. Os responsáveis do evento precisam notificar o Iphan para evitar o embargo do evento”, explicou a chefe da Divisão Técnica do órgão.
A Secretaria de Estado da Cultura (Secult) comunicou que recebeu o pedido de autorização para o evento e que uma equipe técnica avalia as condições. Mas já foram detectadas duas falhas. A primeira é que a organização não notificou o Iphan, e a segunda é que o pedido de uso do espaço não é o mesmo divulgado no Facebook, onde diz que haverá bar, pista, camarote e área vip.
A divulgação do evento dentro do monumento, mesmo sem autorização do órgão de fiscalização, não agradou o Memorial Amapá, ong que busca resgatar e preservar a memória do Estado. A entidade divulgou uma nota pedindo providências das autoridades e classificou o evento como uma ‘falta de respeito’.
“Ofende os amapaenses e sua história! …Trata-se de um manifesto em defesa da valorização de nossa cultura e tradições, uma vez que faz tempo que não há qualquer incentivo para programação que poderia abrigar exposição sobre a história deste nosso monumento tombado como patrimônio nacional, ou para contar a saga da edificação da cidade de Macapá que surgiu no entorno da imponente fortificação”, diz um trecho da nota assinado pelo presidente do Memorial, Walter Júnior.
O SELESNAFES.COM entrou em contato com a organização do evento sobre a autorização e a mudança da festa apresentada no projeto a Secult, mas não recebeu respostas. Um dos sócios do evento comentou informalmente que a divulgação foi precipitada, já que o pedido de autorização ainda não havia sido respondido.