ANDRÉ SILVA
Em coletiva no início da tarde desta quinta-feira, 14, a Polícia Federal (PF) no Amapá contou com detalhes a primeira fase da operação ‘Caboclo D’água’. Os nomes dos envolvidos no esquema de fraude de recebimento do seguro defeso no estado não foram divulgados. Segundo a PF, há indícios de que outras colônias estariam praticando o mesmo esquema.
As investigações que começaram em 2015 tiveram como base o depoimento de uma pessoa que disse nunca ter sido pescador. Ela teria recebido ajuda do presidente da colônia de pescadores para entrar no esquema. A colônia tem sede em Macapá.
“Encontramos várias declarações e atestados já assinados por ele sem mesmo ter sido preenchido os demais dados, o que aponta que ele nem via a pessoas que estava declarando ser aptas. O negócio era muito mecânico, quase como uma linha de produção”, narrou o delegado Alain Santos Leão, da Polícia Federal.
O presidente foi afastado das funções obedecendo a uma medida cautelar expedida pela justiça. Ele pode responder pelo crime de falsidade ideológica e estelionato já que, segundo o delegado, sabia que a pessoa fazia uso do benefício de forma irregular para sacar dinheiro.
Mais de 1.200 pessoas são associadas à colônia e o delegado estima que os 32 casos suspeitos sejam apenas a ponta do iceberg.
“Se em um universo de 1.200 pessoas conseguimos constatar 32 rapidamente. Se nós formos analisar um por um, a tendência é que esse número aumente”, estima o delegado.
Os associados pagam R$ 120 à associação para ter assegurado o direito de receber o beneficio. Além do seguro defeso os associados teriam o direito de receber salário maternidade e se aposentar sem nem mesmo terem trabalhado.
O delegado disse ainda que vai continuar investigando o caso e que esse é apenas o início dos trabalhos. Segundo ele, existe indício de que outras colônias estejam praticando o mesmo esquema.
A operação aconteceu na manhã desta quinta-feira, 14, e foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva. Fraude teria deixado um rombo de R$ 267 mil.
A operação contou com a participação do Ministério Público Federal e Previdência Social, integrando a Força-Tarefa Previdenciária.