“Tinha preguiça de contar dinheiro, era muito”, lembra Jarbas Gato

Do interior do Pará, Jarbas Gato chegou ao Amapá em 1950. Foi guarda territorial, ganhou a loteria, virou empresário e político
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ANDRÉ SILVA

O Amapá é cheio de personagens interessantes. Pessoas que acreditaram que poderiam ter uma vida diferente da que levavam onde moravam que acabaram ajudando a construir a história do Estado. Um desses casos é do ex-vereador e ex-deputado Jarbas Gato, que veio de Oriximiná, no Pará, em 1950, quando desembarcou na ‘terra das oportunidades’. 

Quando chegou à Macapá, aos 18 anos, logo se empregou no funcionalismo público, assumindo um posto de Guarda Territorial do Amapá. Naquela época não era necessário fazer concurso público.

Mas a vida deu uma virada mesmo quando acertou os números na loteria, e abocanhou sozinho todo o prêmio que, segundo ele, era muito dinheiro naquela época.

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Jarbas Gato, na época presidente do Amapá Clube, recebendo a faixa de campeão amapaense de 1975. Fotos: Arquivo Pessoal

“Não é ter sorte, é ser direito, aí tudo conspira a favor”, comenta.

Com o dinheiro, Jarbas Gato acabou se tornando o primeiro taxista da cidade e o primeiro a ter uma frota de táxis, a ‘Violino’. E não parou por aí. Comprou um ônibus, e depois outro, e acabou sendo o proprietário da primeira empresa de transporte público coletivo de Macapá.

“Tinha preguiça de contar dinheiro. Era muito mesmo”, lembra com um sorriso agora cansado do tempo.

“Sempre procurei ser um cara original e respeitar o espaço das pessoas”, completa.

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Em 1975 Jarbas Gato se tornou vereador e chegou a ocupar o cargo de prefeito por dois dias

Quando o assunto é responsabilidade social, Jarbas conta que fazia questão de ajudar as pessoas.

“Sempre gostei de ajudar com aquilo que não me fazia falta. Sempre fui amigo de todos”, disse.

Em 1975, Jarbas Gato se tornou vereador e, segundo ele, nesse tempo o cargo não era remunerado. Chegou a ser prefeito interino por 2 dias, substituindo o que ocupava o cargo na época.

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Jarbas Gato e Verônica tiveram sete filhos

Gato lembra com saudosismo do amigo Aníbal Barcellos, primeiro governador eleito do Amapá. A filha Estela Gato recorda que o pai era um grande articulador na Câmara dos Vereadores, carreira a qual dedicou 20 anos da vida.

Foi considerado um político de opiniões fortes, mas diz que não criou inimizade com ninguém por conta disso. Em meados do anos de 1990, se tornou deputado estadual. 

Em destaque, Jarbas Gato e a esposa Verônica

Em destaque, Jarbas Gato e a esposa Verônica

“Naquela ocasião, tínhamos muita influência no governo e todo mundo respeitava a gente. Nós proporcionávamos às pessoas o respeito que elas tinham direito”, lembra.

Casado com Verônica Oliveira Gato, de 84 anos, a Miss Trem – título que é motivo de orgulho -, teve sete filhos. Dona Verônica conheceu o marido quando ele ainda era guarda territorial.

Esposa Verônica com a faixa de Miss Trem

Esposa Verônica com a faixa de Miss Trem

Hoje, aos 84 anos, Jarbas Gato mora no Bairro Santa Rita com a esposa. Aos fins de tarde, prefere caminhar na praça, que ele ainda chama de Zagury.

Seles Nafes
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