CÁSSIA LIMA
A Polícia Civil acredita estar perto de concluir as investigações sobre a morte do estudante de Direito Luan Lurrick Fonseca Ribeiro, de 19 anos. Ele foi morto quando saía do estacionamento do SuperFácil do Bairro Buritizal, Zona Sul de Macapá, no dia 3 de agosto.
Inicialmente as investigações apontavam para um latrocínio, mas agora a polícia acha que o estudante teria sido morto por engano, em suposta vingança entre traficantes. O assassino de Luan se apresentou à polícia
Segundo a investigação da Delegacia de Crimes Contra a Pessoa (Decipe), há indícios de que a morte de Luan teria sido motivada por causa da morte do traficante Renato dos Santos, mais conhecido como ‘Patinha’, ocorrido em julho deste ano.
Na versão que está sendo apurada pela polícia, ‘Patinha’ se desentendeu com outros dois criminosos, um de prenome Alex e outro chamado por ‘Bola de Fogo’, que o mataram após uma discussão sobre distribuição de drogas.
“O Alexandre foi encarregado de matar o Alex e o Bola de Fogo pela morte do Patinha. Quando ele foi procurar saber mais dos alvos, ele viu o Luan numa foto com essas pessoas. Além disso, o estudante também teria dado carona para eles. Ele [Alexandre] achava que o Luan fosse amigo dos dois e tivesse ajudado na morte do Patinha. Então, ele seguiu o Luan e o matou, assim como planejava fazer com os outros dois”, explicou o delegado Ernane Soares.
Apesar da polícia ainda não ter as informações da arma utilizada no assassinato de Luan, e o veículo que teria sido usado na fuga, outras informações já foram levantadas. Uma delas é que Alexandre praticou o crime sozinho. Outra é que o Patinha era uma espécie de “moleque de recado” de outros traficantes maiores, que seriam ligados à facção do Primeiro Comando da Capital, o PCC.
“O Patinha era moleque de recado de um dos braços do PCC aqui em Macapá. Ele também era traficante de drogas e já era tratado como suspeito de diversos roubos também. Ainda não sabemos se Alexandre quis vingar a sua morte por amizade ou pelo controle do tráfico”, acrescentou o delegado.
A primeira parte do inquérito sobre a morte de Luan já foi encaminhado ao Ministério Público. Um inquérito complementar também será destinado ao MP, falta apenas à confirmação se o crime cometido contra o Luan seria mesmo a vingança pela morte do Patinha.
“Ainda vamos apurar mais informações e esperar o inquérito da morte do Patinha ser concluído, para termos certeza que o crime de um tem envolvimento direto com o do estudante. Mas pelo que parece, a morte do estudante foi por engano”, frisou o delegado.
Acusado confessa crime
O homem que matou o estudante Luan é Alexandre Matos Silva Santos. Ele se apresentou na manhã da última quarta-feira, 24, na Delegacia de Polícia do bairro Nova Esperança, na Zona Sul. Ele confessou ter matado o estudante porque “Luan teria dado carona para o homem que matou o Patinha”.
Como a polícia já suspeitava de Alexandre, ele foi indiciado por homicídio qualificado. Mas deve responder em liberdade, já que o juiz não decretou prisão preventiva ao entender que os elementos não são suficientes para incriminá-lo.
Advogado criminalista
Luan Lurrick foi morto com um tiro no peito. Ele havia acabado de pagar a mensalidade da faculdade quando foi surpreendido pelo criminoso. De acordo com testemunhas, o estudante ainda teria tentado sair de ré com o carro, mas não resistiu e morreu no local antes da chegada da emergência.
Faltavam três anos para o estudante do quarto semestre da Faculdade Estácio ser bacharel em Direito e depois seguir na advocacia criminal.
“Ele dizia pra todo mundo que queria ser advogado criminalista. Era cheio de sonhos e morreu por engano. Ninguém vai saber como isso dói e nada, nem a justiça ou a condenação do acusado, vão trazer ele de volta”, disse uma irmã de Luan que não quis se identificar.
Luan era famoso entre os amigos por ser brincalhão, amoroso e atencioso. Ele era filho de pais separados e tinha mais quatro irmãos. Entre uma prova e outra da faculdade, ele ainda fazia um curso de conciliação ofertado pelo Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap), e dividia o tempo entre duas paixões: a dança no grupo junino Raízes Culturais e o samba, na Escola de Samba Piratas Estilizados.