SELES NAFES
Dizem que na crise tem gente que chora enquanto outros que vendem lenços. Pode-se acrescentar a essa velha máxima capitalista que também tem quem venda cofres, apesar da falta de dinheiro. É nisso que aposta um baiano que vez por outra aparece em Macapá com um caminhão carregado do produto. E ele afirma que vale a pena.
A última vez em que André Carlos Fernandes Rocha, de 44 anos, esteve em Macapá foi há quatro anos, época em que disse ter feito boas vendas.
Desta vez, ele enfrentou 15 dias de viagem a partir da cidade de Caculé, no interior da Bahia, onde tem mulher e filhos. Dirigiu por alguns dias até Altamira (PA), onde embarcou em uma balsa até Laranjal do Jari, chegando depois em Macapá.
“Acho que foram uns 2,5 mil quilômetros”, calcula o caixeiro viajante.
O baiano está há cerca de duas semanas na capital do Amapá, estacionado na Praça da Bandeira, lugar de grande movimento na cidade.
Os cofres variam modelo e tamanho, por isso os preços vão de R$ 535 a pouco mais de R$ 2 mil, dependendo do modelo.
“Tem dia que vendo um, dois, tem dia que não vendo nenhum. Acho que este ano o movimento tá até melhor”, garante André Carlos sempre sorridente.
A venda de cofres não está necessariamente relacionada à necessidade de guardar dinheiro, mas, por causa da violência, tem quem aposte no cofre para guardar joias, documentos e outros objetos de valor.
Por isso, o baiano não sabe quando vai embora. A ideia, claro, é voltar para casa sem nenhum cofre no caminhão baú, que também serve de dormitório quando a noite chega.
No dia a dia os cofres do baiano seguem chamando a atenção dos motoristas e pedestres que passam pela Praça da Bandeira. Céticos, alguns se perguntam se o baiano enlouqueceu. Mas quem trabalha duro e sabe usar a simpatia consegue vender até rapadura para quem tem sede.