CÁSSIA LIMA
“Ele me pediu para dominá-lo e usar mais força”, declarou o ex-mister Amapá, Sérgio Luiz Ribeiro da Silva, de 21 anos, durante depoimento em julgamento na 1ª Vara do Tribunal do Júri, no fim da tarde desta segunda-feira, 29. Ele é réu confesso de matar o funcionário público e carnavalesco Francisco das Chagas Pereira Ferreira, 49.
O ex-mister foi a décima primeira testemunha ouvida durante o dia de julgamento. Ele, durante todo o depoimento, chorou e ficou de cabeça baixa. Respondeu às perguntas do promotor e advogado, e disse que só usou a força porque a vítima pediu.
“Ele me disse para dominá-lo, para usar mais força e para dar apertos e tapas. Ele gostava disso. Como estávamos bêbados e sob efeito de drogas, não medi as forças”, disse o ex-mister em depoimento.
O ex-modelo disse ainda que ouvia vozes dizendo para que ele desse tapas e apertos fortes.
Mesmo com o depoimento emocional e com a alegação de arrependimento do réu, o promotor do Ministério Público Estadual (MPE), Vinicius Carvalho, diz que Sérgio teve a intenção de matar.
“Ele só confessou depois que a polícia o cercou e não tinha mais saída. Ele não matou com uma gravata, e sim com uma toalha como a perícia aponta no laudo. Não houve relação sexual nenhuma, ele foi lá para matar”, alegou o promotor.
Para o advogado de defesa do réu, o crime foi resultado do sadomasoquismo consentido da vítima e do acusado. A defesa sustenta duas teses: que Sérgio não teve intenção de matar e da lesão seguida de morte.
“Sérgio nunca cometeu nenhum crime na vida. Ele não fugiu. Ele não negou o crime, ao contrário, ele tava com a consciência pesada e disse tudo que aconteceu. Ele tava desesperado e não sabia o que fazer. Ele não teve intenção de matar”, destacou Osny Brito, advogado de defesa.
Por volta das 20h o julgamento continuava com a sustentação oral do promotor e da defesa. Segundo o juiz do caso, João Guimarães Lages, a expectativa é que a sentença seja divulgada ainda hoje.
“É um caso de comoção pública e que tem uma tese bem diferente. Apesar da defesa tentar a nulidade do julgado, esperamos terminar e divulgar a sentença ainda hoje, mesmo que seja tarde”, ressaltou.
Crime
De acordo com a investigação do Ministério Público Estadual (MPE), Sérgio matou Chagas asfixiado no dia 31 de maio de 2015, por volta de meia-noite, na residência da vítima, localizada no ramal CD Rural, na rodovia JK.
O ex-mister é acusado de homicídio, furto de uma televisão da casa da vítima e ocultação de cadáver. Ele chegou a confessar o crime na delegacia.