PMs acusados de integrar ‘grupo de extermínio’ começam a ser julgados

Policiais teriam sido contratados para encontrar e executar um ladrão em 2003
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CÁSSIA LIMA

Após quase 13 anos e cinco julgamentos, a 1ª Vara do Tribunal do Júri de Macapá iniciou na manhã desta quinta-feira, 17, o novo julgamento de dois réus do ‘Caso Nilton Júnior’, ocorrido em dezembro de 2003. O empresário do ramo de postos de combustíveis é acusado de formar um suposto grupo de extermínio com policiais militares e civis.

Nesta manhã, começaram a ser julgados os policiais militares Décio dos Santos Farias e Sandro Barreto da Silva. Três testemunhas foram ouvidas, mas o julgamento foi suspenso por algumas horas para que polícia cumprisse um mandado para conduzir uma quarta pessoa que precisava ser ouvida, e que também teria sido vítima do crime.

João Guilherme Lages que julga o caso

João Guilherme Lages que julga o caso. Fotos: Cássia Lima

Os réus foram denunciados por homicídio consumado, homicídio tentado e sequestro por cada vítima. Segundo o Ministério Público do Estado (MP), o crime ocorreu dia 23 de dezembro de 2003, por volta das 22h, em via pública, na cidade de Santana.

O empresário Francisco Nilton Bezerra Farias Júnior, e os policiais Sandro Alex Sampaio de Oliveira, Décio dos Santos Farias, Sandro Barreto da Silva e um frentista, com nome não divulgado, teriam tentado fazer justiça com as próprias mãos ao capturar um suposto ladrão que teria furtado uma bomba d’água de um posto de combustível pertencente a Nilton Júnior. O posto já tinha sido furtado várias vezes.

Maurício Pereira, advogado de defesa: "

Maurício Pereira, advogado de defesa, quer ouvir Arthur, outra testemunha

Alexandre Baia da Costa, que tinha 17 anos na época, foi executado a tiros. Artur José da Silva, que também teria sido sequestrado pelos policiais, foi ferido, mas sobreviveu e é a principal testemunha. Outra pessoa que teria sido sequestrada foi Rogel Paula da Silva, também testemunha de acusação.

“A promotoria tem absoluta certeza que os réus são de fato assassinos. Eles já foram condenados, mas devido às circunstâncias externas, o júri foi invalidado. Eles usaram uma placa fria da Polícia Civil para pegar as três vítimas, mas apenas uma foi morta”, alegou o promotor do MP, Ricardo Crispino.

As duas vítimas já foram ouvidas nos outros julgamentos, assim como os réus já foram condenados. Contudo, os julgamentos foram anulados por várias razões alegadas pela defesa. Dois juris foram invalidados pelo Supremo Tribunal Federal. Outros júris foram cancelados por falta de testemunhas e nulidade de provas.

Promotor Ricardo Crispino, Fotos: Cássia Lima

Promotor Ricardo Crispino: “Não sei se é grupo de extermínio, mas mataram uma pessoa”.  Fotos: Cássia Lima

“Existe essa suspeita de um suposto grupo de extermínio formado pelo Nilton Júnior, dois policiais militares, dois civis e um frentista, mas isso não foi confirmado. O fato é que eles mataram uma pessoa e tentaram ferir outras duas”, destacou o promotor.

No plenário, os advogados de defesa dos réus militares negaram a imputação do crime, sustentando a tese da negativa de autoria.

“Fazemos negativa de autoria. O Décio é a pessoa mais isenta que existe nessa história. Ele é mais inocente de todos. A testemunha que diz ter visto, é o Artur, que diz ser vítima. Mas ele não apareceu para testemunhar. Vamos insistir em ouvir essas duas testemunhas no processo”, frisou o advogado de Décio, Maurício Pereira. 

Até as 12h o julgamento continuava suspenso. 

Seles Nafes
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