VALDEÍ BALIEIRO
Gabriel Wazari, de 15 anos, dono de diversas medalhas em etapas estaduais e nacionais de judô, entre elas excelentes resultados nos Jogos Escolares da Juventude, é mais um atleta que deixa o Estado por falta de incentivo.
Com as dificuldades de conseguir apoio do poder público e da iniciativa privada, e com o cancelamento da modalidade de judô das seletivas escolares no Amapá, Gabriel Wazari mudou de cidade para não desistir do sonho de ser um campeão olímpico. Agora ele é atleta de Teresina – PI.
De acordo com a mãe do atleta, Helena Wazari, o filho vinha há muito tempo num ritmo excelente para grandes competições, mas faltou espaço para demonstrar todo potencial.
“Meu filho é um jovem com grandes qualidades e possui diversas medalhas de competições nacionais e estaduais, porém, falta um incentivo maior por parte do governo nas escolas, que é o local onde se descobrem os talentos”, conta a mãe do atleta.
Helena ainda diz que a mudança para outro estado está trazendo bons frutos, pois, após se destacar em uma competição em Teresina, Gabriel conheceu a campeã olímpica Sarah Menezes que o convidou para treinar com ela.
“Gabriel está treinando com a Sarah Menezes que o levou para o Rio de Janeiro onde está acontecendo as Olimpíadas. Ele fará parte da preparação da atleta e com isso só ganha ainda mais experiência”, disse Helena Wazari.
A modalidade de judô foi retirada da seletiva estadual. De acordo com a Secretaria de Estado do Desporto e Lazer (Sedel), a falta de recurso impossibilitará que mais atletas possam disputar a competição nacional. Para o professor de educação física e arbitro de handebol, Handerson Silva, a falta de incentivo e políticas de esportes no estado são fatores que levam o Amapá a não destacar mais atletas a fim de disputarem competições e assim elevar no nome do estado.
“Hoje, as modalidades esportivas são pouco fomentadas, no Amapá, o esporte de alto rendimento não tem se desenvolvido há cerca de 5 anos. Vivemos em um antro de amarras políticas onde ‘você não jogar no mesmo time do dono da bola, você ficará de fora’ e com isso as pessoas que de fato têm talento acabam aproveitando as oportunidades fora de nosso Estado”, destaca o professor.
O professor observa ainda a falta de estrutura dos ginásios em Macapá.
“O basquete, o handebol, o vôlei, modalidades olímpicas, ficam usando ginásios sem manutenção. O ginásio do Bairro do Trem, quem necessita usá-lo precisa pagar uma taxa pra isso, o ginásio Municipal de Santana que tem pouca iluminação, o ginásio da Polícia Militar que depende de agenda, e por esses e muitos mais motivos, nossos atletas estão evadindo-se daqui, se não podemos colocá-los face a uma estrutura igualitária, onde não se observe a inversão de valores sociais e esportivos”, finaliza Handerson Silva.