SELES NAFES
A Polícia Civil do Amapá investiga um esquema de desvio de cargas no Aeroporto Internacional de Macapá que já deu muito prejuízo para as seguradoras. Os produtos furtados são principalmente celulares de alto padrão, especialmente da Apple. O homem acusado de receber o produto desviado e vender dezenas de aparelhos foi indiciado na última sexta-feira, 9, por receptação.
A investigação começou há alguns meses. A Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP) abriu inquérito a partir de queixas das transportadoras contratadas pelas companhias Gol, Latam e Azul, todas dando conta do desvio de aparelhos Iphones e Lenovo.
De acordo com a polícia, os desvios estavam ocorrendo havia mais de um ano. As cargas chegavam a Macapá pelas companhias aéreas, mas pessoas no terminal de cargas desviavam as mercadorias endereçadas às lojas do comércio da capital.
A DECCP não revela como, mas conseguiu chegar a várias pessoas que compraram os celulares modelos Iphone 5, 5s, 6 e Lenovo. Os aparelhos foram apreendidos e os ‘clientes’ tiveram de prestar depoimento. Eles informaram que compravam de uma pessoa que informava que os produtos eram importados, quando na verdade são fabricados no Brasil.
A Justiça expediu mandado de busca e apreensão na casa de Michael Ruan Leão Silva Braga, apontado pelos receptadores como a pessoa que vendia Iphones e smartphones novos e baratos. Os valores variavam entre R$ 800 e R$ 1,2 mil.
“Achamos que uma dessas pessoas acabou avisando. Quando chegamos a casa dele não encontramos nada relacionado com as cargas. Mas ele confessou que vendia celulares. Contudo, inventou que não sabia identificar o contato dele, o fornecedor”, comentou o delegado Glemerson Arandes, que investiga o caso.
Michael Ruan saiu da DECCP indiciado. Foram apreendidos mais de R$ 2,4 mil na casa dele. O padrão de vida do suspeito também chamou atenção da polícia.
“Anda de Toyota que ele disse ter ganhado da mãe, mas parece estar no nome de outra pessoa. Usa relógio Lacoste, tem o corpo todo tatuado. Disse que é tatuador, mas não encontramos equipamentos de trabalho. Parece que ele já exerceu a atividade, mas há mais de um ano ele não compra material de tatuador”, observou o delegado.
O inquérito continua aberto para encontrar os responsáveis pelo desvio de cargas. Um dos suspeitos teria pedido demissão de uma empresa terceirizada assim que soube da investigação.
No auge da atividade, o grupo chegava a desviar até 50 aparelhos celulares por mês, calcula a DECCP. Só uma das empresas teve mais de R$ 100 mil em prejuízo.
“As lojas perdem clientes porque não têm mercadorias, o Estado deixa de arrecadar e as seguradoras ficam com esse prejuízo. Muita gente perde com esse esquema”, finaliza o delegado.