CÁSSIA LIMA
Com a missão de correr contra o tempo para salvar vidas, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) completou 10 anos de existência no Amapá na manhã dessa sexta-feira, 9. Segundo os profissionais da área, o trabalho não é nada fácil.
Pela manhã, os funcionários do serviço receberam café da manhã e homenagens na sede do Samu, na rua Jovino Dinoá, no Beirol. O momento foi de descontração, comemoração e boas histórias.
Atualmente, o Samu contabiliza 101 profissionais e seis ambulâncias na capital: duas de suporte avançado com atendimento intensivo para a Zona Sul, e quatro de atendimento básico para a Zona Norte. Cada ambulância tem um condutor, técnico de enfermagem, enfermeiro e médico.
“Essa é uma equipe extremamente comprometida, que tem muito para vencer e alcançar. A gente tem trabalhado muito pensando nessa rede de urgência e emergência para avançarmos na nossa Central e que haja uma otimização desse trabalho. Mas eles já são guerreiros pela excelência do que fazem”, elogiou a coordenadora de Assistência em Saúde do Estado, Eli Goés.
Trabalho entre a vida e a morte
Para a médica do Samu, Ana Dias, se engana quem pensa que o serviço apenas pega os pacientes e leva para o hospital. O trabalho é bem mais complexo e cheio de situações delicadas. Nem sempre as equipes conseguem salvar os pacientes, e essa é uma notícia ruim para ambas as partes.
“O tempo é nosso inimigo nesse trabalho. Lidar com as perdas é muito difícil. Nós trabalhamos entre a vida e a morte, no sentido de salvar ou não uma pessoa. Apesar de recebermos capacitação técnica e psicológica vivemos entre os dois lados da mesma moeda”, revela a médica.
Ela conta que o plantão de 12h sempre traz notícias boas e algumas nem tanto. Há casos em que o Samu salvou crianças por apenas segundos de diferença, e situações nem sempre fáceis de esquecer.
“Lembro de uma ocorrência em que a mãe dormiu com a neném no colo e rolou pra cima dela pela noite e acabou asfixiando a filha. Nós chegamos lá e já não tinha muito o que fazer e acabamos lidando com a culpa da mãe. Infelizmente, não pudemos ajudar, mas tentamos muito. Isso nos marca muito diariamente”, relembra Ana.
40 mil chamadas no estado em 2016
O Servido de Urgência atende pelo número 192 em média 30 ocorrências por dia em Macapá. A maioria das ligações são casos clínicos, automobilísticos e obstétricos. Para se ter noção, nos seis primeiros meses do ano foram 40 mil chamadas e cinco mil atendimentos em todo o Amapá.
“Já avançamos muito, mas ainda temos muito para fazer, principalmente, que os municípios tenham seus Samu’s funcionando, que a Ambulancha volte a funcionar e que o Ministério da Saúde nos mande novos veículos”, destacou o coordenador estadual do Samu, Ademar Rodrigues.