ANDRÉ SILVA
Um grupo de amigos músicos decidiu unir forças pela valorização da cidade velha de Macapá. Tocando batuque, marabaixo, zumba, zouk e cacicó, eles reúnem mais de 150 pessoas todos os domingos. O encontro acontece ao lado de um dos prédios antigos ainda em pé, o museu Joaquim Caetano.
“A nossa cidade velha foi muito modificada, infelizmente. Restaram poucos prédios. Os que sobraram foi: Fortaleza de São José, o prédio onde funciona o museu Joaquim Caetano, a Igreja de São José e algumas residências. As praças também passaram por muitas modificações” conta João Amorim idealizador do projeto ‘Roda de Batuque’.
O projeto está completando um ano de criação, mesmo tempo da formação do Grupo Bandaia, atração musical principal do evento. A primeira temporada do projeto durou oito meses e a segunda iniciou há três domingos.
O Bandaia é composto por João Amorim na percussão, voz e composição; Ian Moreira precursão e voz; Huan Moreira percussão e voz e Igor Moreira no banjo e voz. Além do grupo, há também a participação de outros nomes como Amadeu Cavalcante, Maiara Braga e Negro de Nós, representado pela cantora Silmara Lobato.
O projeto nasceu a partir das rodas de samba que eram realizadas na casa da família Moreira.
“Por que não fazer para um público maior?”
“Quando, quase todo mundo ia embora, a gente começava a tocar o que gostamos de fato que é batuque e marabaixo, então varávamos a madrugada tocando e era muito bacana e víamos que tinha tudo haver com nossa cultura. Então tive o estalo né: por que não fazer para um público maior?”, lembrou João Amorim.
João conta que o projeto começou tímido, sem saber se iria dar certo. Logo na primeira festa que acontecia em um quiosque na Beira-Rio, casa cheia, cerca de 150 pessoas. No segundo domingo o público aumentou e com isso as ideias foram surgindo.
Fortalecendo identidades
“Tivemos o estalo de disponibilizar saias para as mulheres dançarem marabaixo. Inclusive foi minha mãe, dona Terezinha, quem confeccionou. O saião é adaptável a qualquer corpo porque ele tem um elástico que veste até mesmo aquelas pessoas mais cheinhas.”, explicou músico.
O projeto quer crescer e até adaptou um feira no local chamada ‘Feira Preta’, que faz vendas de bijuterias.
“Tudo isso tem um propósito que é o de fortalecer nossa identidade. Para quando as pessoas lá de outros estados aqui estiverem, possa ver que Macapá não imita ninguém, que tem sua cor, sua origem própria, sua cara”, finalizou o músico.
A roda de batuque acontece todos os domingos ao lado do museu Joaquim Caetano em um pub bar, que paga o cache dos músicos e oferece espaço confortável, bebida e comida aos brincantes.