CÁSSIA LIMA
Plantonistas e acompanhantes dos pacientes do Hospital de Emergência (HE) de Macapá bloquearam a Rua Hamilton Silva na manhã desta terça-feira, 6, em protesto pela falta de refeições. Segundo os funcionários do hospital, há uma semana eles fazem plantões de 12 horas sem alimentação.
Os trabalhadores relatam que o problema se deve ao atraso de pagamento para a empresa Nutri Service, que fornece para o HE e o Pronto Atendimento Infantil (PAI). Os dois hospitais estariam na mesma situação.
“Essa é a segunda vez que isso acontece neste ano. Geralmente recebemos 5 refeições da empresa, mas há uma semana tudo está suspenso. Não bastam as péssimas condições de trabalho e pagamento atrasado e ainda temos que passar fome”, reclamou o plantonista, Erikelton Gonçalves.
O protesto bloqueou a rua por toda manhã e foi apoiado pelos pacientes do hospital. Edenilson Mendes, que espera há 44 dias transferência para cirurgia ortopédica, conta como é o trabalho dos plantonistas.
“A situação é difícil. Nós (pacientes) ainda estamos recebendo alimentação, mas ela chega estragada. Acompanhamos a dificuldade dos plantonistas, eles fazem até o que não dá e ainda passam fome. De vez em quando eles se revezam no hospital para dar uma saída e comerem”, frisou o paciente que acompanhou o protesto da calçada do hospital.
De acordo com o Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), cerca de 10 plantonistas trabalham na clínica cirúrgica do HE, e mais 30 em outras alas.
Ao todo, o hospital possui mais de 150 funcionários efetivos para uma demanda que chega até 400 pessoas nos fins de semana.
“O índice de insalubridade já compromete o servidor e a falta de alimentação piora as coisas. O trabalhador tá exposto a problemas gástricos num ambiente de superlotação, falta de insumos e uma sobrecarga absurda de trabalho. Somos profissionais, mas antes disso somos humanos e devemos ser respeitados como tal”, destacou a vice-presidente do Sindsaúde, Ieda Mendes.
Além da falta de alimentação, os servidores reivindicam ainda pagamento de data-base, primeira parcela do 13º salário, defasagem salarial, retroativo de gratificação, progressões, vale transporte, pagamento de adicional noturno e melhores condições de trabalho que amenizem a superlotação, falta de insumos, sobrecarga de trabalho e insalubridade no HE.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde do Amapá (Sesa) informou apenas que a empresa Nutri Service aguarda aporte financeiro da Sesa para receber pagamento e normalizar o fornecimento. Não há previsão de quando haverá o pagamento.