Acusado diz que não sabia que Iphones eram furtados

Tatuador foi indiciado por vender celulares desviados de cargas no Aeroporto de Macapá. Defesa alega receptação culposa
Compartilhamentos

ANDRÉ SILVA

O jovem indiciado pela Polícia Civil do Amapá por vender celulares de alto padrão que eram furtados de cargas no Aeroporto Internacional de Macapá diz que não sabia que os telefones eram de origem criminosa. Ele, que é tatuador, decidiu quebrar o silêncio em entrevista ao site SELESNAFES.COM.

Michael Ruan Leão Silva Braga, de 26 anos, diz que passou a vender celulares havia cinco anos, e, há quase um ano, dois rapazes teriam entrado em contato com ele oferecendo aparelhos novos.

Ele alega que não desconfiou que se tratavam de produtos furtados, apesar de não possuírem nota fiscal e os valores serem mais baixos, entre R$ 800 a R$ 1,2 mil, dependendo da marca e modelo, segundo informou.

“Não desconfiei porque eles vinham lacrados. Eles chegaram a dizer que os aparelhos vinham dos Estados Unidos e comprovei que de fato eram importados”, contou o acusado.

A Polícia Civil chegou a cumprir mandado de busca e apreensão na residência de Michael Ruan. Vários objetos foram apreendidos na casa dele, como caixas de celulares vazias, um relógio quebrado, equipamento para tatuagem, dinheiro e o aparelho do acusado.

Tatuador ao lado do advogado Alexandre Oliveira: receptação culposa

Tatuador ao lado do advogado Alexandre Oliveira

“Apesar de o delegado ter pedido a prisão preventiva dele, o juiz, ao comparar as provas, não encontrou indícios que fosse necessários para o fazer. O juiz não deixou que prendesse porque não tinha elementos, e pediu que fizesse busca e apreensão de objetos para caracterizar o flagrante. Ao confrontar os IMEIS (código único nos aparelhos) dos telefones roubados, viu que não havia relação com os celulares roubados ”, argumenta o advogado de defesa, Alexandre Oliveira.

No último dia 9 de setembro, a Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (DECCP) indiciou Michael Ruan Leão por receptação. A DECCP investigava um esquema que desviava Iphones e smartphones de luxo de cargas que abasteceriam as lojas da capital. A polícia abriu inquérito depois de registrar dezenas de queixas de furtos pelas transportadoras. 

Delegado Glemerson Arandes: apagou o contato do fornecedor

Delegado Glemerson Arandes: apagou o contato do fornecedor

Para o advogado de defesa, em compra de aparelho celular usado não há necessidade de uma nota fiscal porque a compra não é feita em loja.

“Ele não desconfiava que os aparelhos eram furtados por conta do valor que era oferecido. Ele não iria comprar um telefone que vale R$ 1,2 mil por R$ 400 ou R$ 500”, defendeu o advogado.

O delegado Glemerson Arandes, que investiga o caso, disse que as provas estão sendo reunidas e adianta que o suspeito teria, sim, conhecimento de que os aparelhos eram furtados, e que já existem pessoas de dentro do aeroporto identificadas que faziam parte do esquema.

Cargas estavam sendo desviadas quase todos os dias. Foto: Seles Nafes

Cargas de telefones estavam sendo desviadas quase todos os dias. Foto: Seles Nafes

Para ele, Michael Ruan apagou de sua agenda telefônica vestígios que provassem a existência dos outros suspeitos.

“O cara tinha um carro que ele não tinha a placa. Ele apagou o contato desse cara do telefone dele para nós não o identificarmos”, acusou o delegado.

O delegado não quis falar sobre os objetos que foram apreendidos na casa do acusado porque a investigação ainda está em andamento. Segundo ele, o inquérito estará pronto dentro de 60 dias.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!